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Memória ferroviária chega ao cinema em Cordeiro

Prego de Linha é o curta-metragem dirigido pelo cineasta Luiz Antônio Cavalheiro, que estreia no 1º Festival de Cinema do Mato no dia 21 de dezembro, às 19h, no município de Cordeiro. Inspirado em um prego de linha encontrado em julho de 2023 no caminho da antiga Estrada de Ferro Leopoldina, Cavalheiro resgata histórias de 1875 a 1960, período em que o trecho ferroviário circulou em Cordeiro. Tendo como locações a ponte de ferro e a estrada velha entre Cordeiro e o distrito de Monnerat, bem como a Ponte Seca no município de Sumidouro, o documentário destaca a importância da linha férrea para a economia local e o impacto social.

Foto 2 Estacao de Cordeiro. Acervo Trilhos do Rio
Estação de Cordeiro. Acervo Trilhos do Rio

O plantio de café na região serrana fluminense, no Segundo Império, alcançou significativa produção estimulando o investimento em ferrovias para substituir o transporte deste produto, feito por meio de mulas. Uma destas foi a Estrada de Ferro de Cantagalo criada para escoar o café das fazendas na porção oriental do Vale do Paraíba. O mais importante cafeicultor e capitalista era o português Antônio Clemente Pinto, primeiro barão de Nova Friburgo. Possuía as mais importantes unidades de produção de café em Cantagalo e por isto tomou a iniciativa de investir no modal ferroviário. Com o decorrer dos anos, como a Estrada de Ferro de Cantagalo apresentasse dificuldade financeira foi encampada pela empresa nacional Companhia Leopoldina, seguida pela de capital inglês The Leopoldina Railway Company, e por fim administrada pela Rede Ferroviária Federal.

Foto 3 A linha ferrea substituiu as tropas de mula. Acervo Cavalheiro
A linha férrea substituiu as tropas de mula. Acervo Cavalheiro
Foto 4 Estacao de trem de Cordeiro. Acervo Trilhos do Rio
Estação de trem de Cordeiro. Acervo Trilhos do Rio

Em diversos municípios ainda existem pessoas capazes de testemunhar o cotidiano da ferrovia na região serrana fluminense. Cavalheiro soube tomar proveito disto. Na produção do curta foram entrevistados ao longo de meses seis trabalhadores e familiares que viveram na época em que a ferrovia funcionava como Maria da Glória Ferreira, Renata Neves, Gilson Guimarães, Hélio de Carvalho, Hélio Farinha e Luiz Gonzaga. De acordo com o cineasta, os relatos levaram a caminhos inimagináveis que se eternizam em audiovisual executada por uma equipe comprometida com a preservação da memória ferroviária.

Foto 5 O documentario privilegia a memoria ferroviaria. Acervo Calheiro
O documentário privilegia a memória ferroviária. Acervo Calheiro
Foto 6 Antigo ferroviario durante a entrevista. Acervo Cavalheiro
Antigo ferroviário durante a entrevista. Acervo Cavalheiro

A direção geral de arte, edição, roteiro, pesquisa e textos ficaram a cargo do cineasta Luiz Antônio Cavalheiro. Além de professor de língua portuguesa e literatura na rede pública, Cavalheiro formou-se em cinema pela Academia Internacional de Cinema. Em 2004 foi premiado no Concurso Nacional “Revelando os Brasis – Ano I” de revelação de talentos. Dirigiu e roteirizou o curta-metragem “A Hora das Almas”, foi assistente de direção do curta-metragem “Uma História de Fogachos, Queijinhos e Miranda” no Concurso Nacional “Revelando os Brasis – Ano II”.

Foto 7 Acervo de Luiz Gonzaga ex ferroviario. Acervo Cavalheiro
Acervo de Luiz Gonzaga ex ferroviário. Acervo Cavalheiro
Foto 8 Entrevistado indica os ex ferroviarios. Acervo Cavalheiro
Entrevistado indica os ex ferroviários. Acervo Cavalheiro

A produção é de Cássio Campos; direção de fotografia, edição geral e som de Bruno Caputo, trilha sonora de Allan Ramos, operador de drone e cinegrafista Bruno Teixeirão, interpretação de libras Fernanda Venturino e contou com textos da historiadora Madalena Tavares. O documentário “Prego de Linha” é uma realização do Ministério da Cultura e Governo Federal, contemplado pelo edital da Lei Paulo Gustavo e contou com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Cordeiro. Informações pelo Instagram @prego.delinha.

Foto 9 Na decada de 1950 a RFFSA assumiu o transporte ferroviario. Acervo Cavalheiro
Na década de 1950 a RFFSA assumiu o transporte ferroviário. Acervo Cavalheiro
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