Consumo de ultraprocessados causa 6 mortes por hora no Brasil, aponta Fiocruz
O consumo de alimentos ultraprocessados é responsável por aproximadamente seis mortes por hora no Brasil, totalizando cerca de 57 mil óbitos prematuros somente em 2019. É o que revela um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realizado pelo pesquisador Eduardo Nilson a pedido da ACT Promoção da Saúde.
Além do impacto na saúde, o estudo estima que o Brasil gasta anualmente pelo menos R$ 10,4 bilhões devido às consequências do consumo desses produtos. Esse valor inclui despesas diretas do Sistema Único de Saúde (SUS) e custos com aposentadorias precoces e licenças médicas.
Principais custos diretos
Os alimentos ultraprocessados – caracterizados pelo alto grau de industrialização e pela presença de ingredientes artificiais como aditivos de cor, aroma e textura – estão associados a doenças crônicas como obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão.
Dos R$ 10,4 bilhões gastos, R$ 933,5 milhões são destinados a tratamentos médicos no SUS. Já R$ 263 milhões são relacionados à previdência social e à ausência de trabalhadores por internações e licenças médicas.
Os pesquisadores alertam que os números podem ser subestimados. “Não consideramos todas as fontes de gastos e avaliamos apenas três das mais prevalentes, mas sabemos que há mais de 30 condições associadas ao consumo de ultraprocessados”, explica Eduardo Nilson.
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Impacto econômico
Além dos custos diretos, a mortalidade precoce atribuída ao consumo de ultraprocessados gera uma perda econômica de R$ 9,2 bilhões ao ano, devido à saída de pessoas em idade produtiva do mercado de trabalho.
Desse total, R$ 6,6 bilhões são atribuídos a mortes prematuras entre homens, refletindo a maior mortalidade masculina e o fato de eles se aposentarem mais tarde. Entre mulheres, o impacto é de R$ 2,6 bilhões.
Estados mais afetados
O estudo também mapeou os estados brasileiros com maior proporção de mortes precoces relacionadas ao consumo de ultraprocessados. O Rio Grande do Sul lidera, seguido por Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Amapá.