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Número de divórcios no Brasil bate recorde em uma década, aponta IBGE

O casamento, a união estável, o namoro ou qualquer outra relação romântica parte do pressuposto de que duas pessoas escolhem compartilhar a vida juntos. Por mais simples e romântico que pareça essa decisão, hoje muitos compreendem que o amor, sozinho, não sustenha um relacionamento. De acordo com especialistas, as principais causas do divórcio são traições e finanças.

O momento atual é marcado por uma crise nas relações afetivas, segundo dados do IBGE que apontam um crescimento de 160% de divórcios nos últimos 10 anos. A pesquisa revela que a média do tempo de casamento caiu de 17,5 para 13 anos juntos. “Ao mesmo tempo que observamos esse resultado, temos outro estudo informando uma a cada quatro pessoas se sentem sozinhas sozinha e essa solidão se dá pela ausência de vínculos significativos de afeto”, explica Carol Tilkian, psicanalista e especialista em relacionamentos.

O número de divórcios no Brasil bateu recorde e ultrapassou 420 mil casos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados em março deste ano. O aumento foi de 8,6% em 2022 na comparação a 2021, um salto de 386 mil para 420 mil. Desse total, 340.459 divórcios ocorreram por meio judicial e 79.580 extrajudiciais. Os divórcios judiciais concedidos em 1ª instância corresponderam a 81,1% dos casos.

“Acumulamos desencontros e frustrações amorosas e nos vemos exaustos, na defensiva e, ao mesmo tempo, querendo encontrar um amor possível. Culpamos os tempos líquidos e buscamos novas formas de nos relacionar sem nos darmos conta de que a discussão primordial não está nos novos modelos de relação e sim nas crenças, sentimentos e pensamentos que levamos para quaisquer que sejam os arranjos”, enfatiza a psicanalista e especialista em relacionamentos.

A discussão sobre relacionamentos abertos precisa ser abordada pelo aspecto dos impactos do medo do abandono e dos efeitos nocivos do desejo de controle do outro e de uma relação ideal. “Ao considerar o tempo do amor é importante lembrar que ele não segue uma progressão geométrica, não é sempre acelerado e constante. As oscilações ocorrem, mas estamos cada vez menos dispostos a sustentar silêncios, desencontros e o medo de perder os vínculos”, reforça.

Para a profissional, outro fator importante a ser levado em conta são as intimidades artificiais, que geram um estado de falsa conexão e latente solidão. “Numa era onde vivemos vidas de redes sociais, criamos conexões, mas não vínculos. Nas conexões tenho acesso ao outro, porém é restrito. Já o vínculo é algo construído com profundidade. Nesse processo também há a comparação de uma vida ilusória da internet”, diz Carol Tilkian.

Em tempos que a internet fornece informações rápidas, na visão da especialista, para que o amor seja possível é necessário ter coragem de dar espaço para a dúvida e para o não saber. “O amor é uma aposta, mas não precisa ser um jogo” afirma Carol. “Enquanto quisermos entender tudo o que está acontecendo e buscarmos certezas, seguiremos jogando na defensiva ou prevendo os piores cenários”.

Para a psicanalista o convite para a mudança no amor passa também amor-próprio, na autoaceitação e na independência. “Ninguém precisa ser sua melhor versão. Podemos ser quem somos hoje: caóticos, incoerentes, imperfeitos”, disse ao @serranewsrj.

Razões que interferem no relacionamento a dois

1. Priorizar necessidades individuais

De acordo com os pesquisadores, o ato de priorizar desejos pessoais em detrimento das necessidades do casamento é um decisão que abre brechas para uma aceitação passiva, que, futuramente, ocasiona inúmeras circunstâncias desagradáveis e sentimento de insatisfação no relacionamento.

2. Tolerar comportamentos negativos

Não confrontar hábitos e ações negativas também torna-se um problema. A passividade de um cônjuge ou a falta de comunicação entre o casal impacta a permanência de problemas que influenciam diretamente o casamento.

3. Desrespeitar limites do relacionamento

Ainda, o estudo indica que estabelecer limites pessoais é saudável para o relacionamento, mas desrespeitá-los pode causar inúmeros conflitos. Negligenciar e menosprezar os limites do cônjuge é o mesmo que criar uma desconexão entre o casal, implicando no equilíbrio e na harmonia do casamento.

4. Estresses externos

Problemas externos como a perda de um ente querido, uma doença crônica, questões financeiras, entre outras adversidades podem influências significativamente a relação harmoniosa de um casamento. Por isso, segundo os pesquisadores, é importante desenvolver mecanismos para lidar com tais dificuldades.

5. Incertezas

Quando o(a) seu(ua) parceiro(a) possui dificuldades para definir desejos e necessidades, isso pode interferir na conexão presente no casamento. Com isso, é importante exercitar a paciência e empatia, a fim de auxiliar na autorreflexão. Além disso, expressar os seus anseios pessoais e apoiar o seu cônjuge também é importante para lidar com as incertezas.

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