Grupo de Escoteiros Anchieta: o memorial em Nova Friburgo

O Grupo de Escoteiros Anchieta, de Nova Friburgo (RJ), completou em agosto deste ano 67 anos de atividades ininterruptas. Fui até o Colégio Anchieta participar das solenidades e conhecer o Memorial inaugurado para celebrar este acontecimento. O fundador do escotismo foi o militar inglês Robert Stephenson Smyth Baden-Powell (1857–1941), que igualmente criou o Movimento Bandeirante para cooptar meninas. Baden-Powell estudou os métodos utilizados no treinamento de jovens espartanos na Antiguidade, assim como dos bretões e em 1908 lançou um manual de treinamento. A partir desta obra surgiram escoteiros não somente na Inglaterra, mas em diversos países do Ocidente.

O criador do Grupo de Escoteiros Anchieta foi Padre Jesuíta Giovanni Selvaggi, no ano de 1957. Ele foi escoteiro antes de entrar para o seminário. Este grupo era o 40º a integrar a União dos Escoteiros do Brasil. No entanto, em 1966, quando a Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, estabelecida no Colégio Anchieta foi transferida para São Paulo, o Padre Selvaggi, professor da faculdade, teve que se estabelecer naquele estado. O professor Hamilton Werneck, que naquele mesmo ano começou a dar aulas no colégio, e havia pertencido ao Grupo de Escoteiros Anchieta, assumiu a direção. Permaneceu neste cargo por três décadas até 1996.

Segundo o prof Hamilton Werneck, no ano de 1974, quando o Padre Selvaggi retornou ao Colégio Anchieta, em Nova Friburgo (RJ), na prática era o Jesuíta quem dava as diretrizes aos escoteiros. O prof Werneck ficou tão somente com a parte burocrática. A atual diretora presidente é Flávia Rodrigues Correia. Sua mãe Maria Alice Monteiro Rodrigues foi escoteira durante 67 anos iniciando no Rio de Janeiro. No Anchieta sua mãe foi presidente durante 35 anos, quando Flávia Correia ingressou no grupo.

O Grupo de Escoteiros Anchieta se reúne todos os sábados no colégio, das 15h às 17h. As reuniões envolvem instruções e atividades. Os alunos são divididos por idade. Os lobinhos são de 6 a 10 anos, os escoteiros de 10 a 14 anos, os sêniores de 15 a 18 anos e os pioneiros de 18 a 21 anos. A iniciação no escotismo tem como símbolo o lobinho inspirado na história do Mogli, no mundo da fantasia da alcateia e da floresta. Nos dias de hoje, praticamente desapareceu o grupo de bandeirantes formado por meninas, e por isto os grupos são mistos. André Gula, diretor administrativo esclarece que o trabalho em equipe e a união fazem parte da filosofia do grupo. Para praticar uma boa ação, prestar um bom serviço e ajudar ao próximo em qualquer ocasião, o escoteiro deve estar “Sempre Alerta”, explica Gula.

Gabriel Vabo, historiador, arquivista e pesquisador do Centro de Pesquisa da Casa Rui Barbosa é o curador do Memorial Grupo de Escoteiros Anchieta. Escoteiro na Fundação Getúlio Vargas e no Colégio Anchieta, atualmente é o chefe dos escoteiros na faixa de 11 a 15 anos e faz a gestão do grupo. Vabo reuniu muitas fotos do arquivo do Colégio Anchieta e recebeu doações de particulares como distintivos, camisas, fotos, etc. para o acervo do Memorial. No dia da inauguração do Memorial, Gilberto Paulo de Souza Filho, escoteiro do Anchieta de 1964-67, fez a doação do seu uniforme quando era lobinho. O historiador realizou pesquisas na documentação do Centro Cultural do Movimento Escoteiro, com sede no Rio de Janeiro, para a elaboração dos textos do Memorial.

Na ocasião foi criada a Ordem Flor de Lis objetivando trazer egressos de diversas gerações para o grupo. Neste caso podem participar dando sugestões, acompanhar as atividades grupo Anchieta, bem como estar presentes nos momentos de comemoração. Flávio Campelo Ribeiro, com 88 anos de idade, pertencente ao grupo de escoteiros do Rio de Janeiro prestigiou a inauguração do Memorial. Radioamador, faz parte da coordenação do Rio de Janeiro de rádio de operação de emergência. Colaborou como radioamador no resgate de vítimas na tragédia de 2011.

Nas reuniões aos sábados promovem um movimento educacional através de jogos e brincadeiras. O ápice das atividades são os acampamentos que realizam ao menos uma vez por ano. O Grupo de Escoteiros Anchieta desde a sua criação é aberto a comunidade, logo não precisa necessariamente ser aluno do colégio. De acordo com o Reitor Padre Toninho “Ficaria uma lacuna sem uma sala dedicada aos escoteiros que só enriquece o Corredor Histórico.” Funcionando no terceiro andar, o Corredor Histórico possui diversas salas onde se apresenta a história do educandário desde a sua fundação em 1886, com visitas programadas, em grupos, aos domingos. Informações no Instagram @touranchieta.