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Cerca de 50% da população masculina sofre de calvície

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a calvície afeta cerca da metade dos homens até os 50 anos de idade. Uma pesquisa realizada pelo portal norte-americano Statisc Brain, apontou que mais de 800 mil pessoas no mundo buscam tratamentos para calvície.

De acordo com o levantamento conduzido pela Manual, startup britânica que atua no setor de saúde, mais de meio milhão de homens no Brasil, que buscaram ajuda por meio da empresa, relataram não ter feito nenhum tratamento contínuo para barrar a perda de cabelo nos últimos 12 meses, representando um total de 90%.

Além disso, 23% dos entrevistados revelaram o uso de medicamentos como o Minoxidil tópico, famoso medicamento na internet entre influenciadores digitais, o que mostra que a automedicação é uma prática comum.

Ainda de acordo com a pesquisa, 54%, mais da metade, queixaram-se de entradas proeminentes. A entrada se caracteriza por uma linha do cabelo que avança para a parte de trás da cabeça, causada especialmente pela calvície. Ainda assim, é comum manter os fios nas laterais e na nuca.

A progressão da perda de fios varia significativamente entre os homens, assim como o padrão de recuo da linha capilar. Para compreender melhor essa evolução, foi desenvolvida a escala de Norwood, um sistema classificatório introduzido por James Hamilton, em 1951, posteriormente aprimorado por O’tar Norwood, nos anos 1970.

Composta por sete estágios, essa escala se tornou amplamente aceita para categorizar a calvície masculina. Os níveis variam desde nenhum recuo inicial da linha capilar até a completa falta de cabelo na coroa e nas laterais da cabeça.

A perda de fios no homem é desencadeada principalmente pela ação do hormônio dihidrotestosterona (DHT), derivado da testosterona. Muitas pessoas acreditam que a única forma de combater o problema é através do implante capilar, mas existem tratamentos menos invasivos e, ainda sim, muito eficazes.

Mesmo que a genética e os hormônios desempenhem papéis importantes na queda de cabelo, os mecanismos exatos não são totalmente compreendidos — razão pela qual os tratamentos para conter ou reverter a calvície continuam imperfeitos, segundo o médico Arash Mostaghimi, do hospital Brigham and Women’s, nos Estados Unidos.

Diversas opções de tratamento para calvície são comprovadas, proporcionando a oportunidade de interromper a queda capilar e, em alguns casos, estimular o crescimento. Podem ser utilizados medicamentos como a Finasterida e a Dutasterida, que atuam inibindo a produção de DHT. O Minoxidil, por exemplo, está disponível em formato tópico ou oral e estimula o crescimento de fios no couro cabeludo.

O que causa a calvície masculina?

A cabeça humana média contém cerca de 100 mil fios de cabelo. Cada um está conectado a um folículo, que pode conter de um a cinco fios de cabelo. “O folículo é basicamente um órgão próprio. Ele tem suas próprias células-tronco e regenera” — explica Mostaghimi.

Normalmente, segundo o médico, a queda de cabelo nos homens ocorre devido ao aumento de uma enzima no couro cabeludo que converte a testosterona em uma forma mais potente, chamada diidrotestosterona (ou DHT). No entanto, as razões pelas quais um homem pode ter mais DHT do que outro também não são bem compreendidas, mas têm um componente genético.

Quando os homens têm muito DHT no couro cabeludo, o hormônio inicia um processo complexo que leva à miniaturização dos fios, no qual os cabelos e folículos começam a encolher. Por isso, os homens frequentemente têm cabelos mais finos ou até mesmo penugens onde estão ficando carecas.

Essa queda de cabelo ocorre em uma sequência previsível: primeiro ao redor das têmporas, depois no topo da cabeça, onde níveis aumentados e atividade da enzima e da testosterona modificada são encontrados, segundo Mostaghimi. Daí a frase “calvície de padrão masculino”.

Quando você deve procurar ajuda?

O médico Danilo C. Del Campo, especializado no assunto, recomenda uma consulta com um dermatologista caso esteja preocupado com a calvície. Principalmente, antes que essa preocupação seja mais séria. Os medicamentos geralmente são melhores para prevenir a queda de cabelo do que para revertê-la.

“Quanto mais cedo você começar, maior será a probabilidade de manter o cabelo que tem” — diz Mostaghimi. Os dermatologistas costumam recomendar dois medicamentos: o famoso minoxidil e a finasterida.

No caso do minoxidil, os pacientes devem aplicar diariamente ou, de preferência, duas vezes ao dia. O medicamento vem em espuma ou gotas. Del Campo recomendando o uso de uma formulação sem propilenoglicol, que pode irritar o couro cabeludo.

Demora alguns meses para o cabelo crescer novamente, mas o minoxidil tópico não funciona bem para todos e os especialistas dizem que muitos não gostam de aplicá-lo com tanta frequência. Além disso, segundo Mostaghimi, como acontece em qualquer tratamento para queda de cabelo, se o paciente parar de tomá-lo, ele perderá todos os ganhos anteriores.

Outra opção é tomar minoxidil em forma de comprimido, uma terapia off-label que dermatologistas usam há anos. No entanto, as pílulas fazem o cabelo crescer indiscriminadamente, inclusive na barba ou nas axilas, com variações individuais.

A finasterida é aprovada em forma de comprimido para queda de cabelo masculina com receita médica. Estudos ainda sugerem que a maioria dos homens que usam finasterida mantêm ou melhora a cobertura capilar ao longo de cinco anos.

Existem algumas outras opções, mas os especialistas dizem que não são terapias isoladas e devem ser usadas juntamente com medicamentos. Uma alternativa são as injeções de plasma rico em plaquetas (PRP). Nesse processo, o sangue de um paciente é coletado, seu plasma separado e injetado de volta no couro cabeludo.

E os transplantes?

Alguns dermatologistas veem o transplante o padrão-ouro da restauração capilar. Durante um transplante capilar, os folículos são removidos de um local e realocados onde for necessário. Isso pode ser feito removendo uma faixa da parte de trás do couro cabeludo ou realocando folículos individuais ao redor da cabeça.

Porém, o processo tem suas ressalvas. Primeiro, um transplante muitas vezes não fornece resultados imediatos. A linha do cabelo original ainda continua a diminuir e, por isso, a habilidade do cirurgião é importante. Os pacientes também verão os melhores resultados quando continuarem a usar a medicação. O procedimento também é a opção mais cara.

Mitos e desinformação

Existem quase tantos mitos sobre a calvície quanto remédios falsos. Algumas pessoas dizem que usar boné com frequência pode fazer o cabelo cair, enquanto outras culpam a falta de chapéu no tempo frio. Ambas são falsas, diz Del Campo.

Alguns acreditam que lavar muito o cabelo é o problema; outros dizem que não está lavando o suficiente. Segundo dermatologistas, ambos também são falsos. Alguns ainda sugerem que uma queimadura solar no couro cabeludo pode estimular o crescimento: “não faça isso”, alertam especialistas. Nem esfregar cebola ou alho na cabeça estimulará o crescimento.

O óleo de alecrim se tornou viral no TikTok nos últimos anos. Mas, segundo dermatologistas, a evidência de sua eficácia é escassa. Por fim, o papel da hereditariedade acrescenta outra camada na confusão. Você deveria olhar para o seu pai ou para o pai da sua mãe para ver o seu futuro? Infelizmente, nenhum dos dois é um preditor perfeito.

A perda de cabelo pode causar sofrimento real. Mas, ao iniciar uma conversa aberta com um médico assim que os sinais aparecem, não precisa ser assim. “Há inúmeras opções e o futuro é brilhante para alguém que está lidando com isso” — conclui Del Campo.

Fonte: O Globo / Terra

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