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Previsão de chuva no RJ: ‘cenário é parecido com janeiro de 2011’, diz Cemaden

Todos os modelos de previsão do tempo preveem chuvas extremas a partir de sexta-feira (22/3) no estado do Rio de Janeiro. Tão extremas que levaram o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) a alertar na quarta-feira (20) a Defesa Civil para uma intensidade similar à da tragédia da Região Serrana, em janeiro de 2011.

O risco de deslizamento na Região Serrana está numa raríssima categoria máxima para o sábado (23/3). O cenário pode mudar porque o tempo está muito instável, mas a população precisa estar de sobreaviso, destaca o diretor de Operações do Cemaden, o meteorologista Marcelo Seluchi.

As regiões em maior risco de temporais com potencial de devastação são a Metropolitana, a Serrana e o litoral Sul. Mas o foco da preocupação é a Região Serrana. A partir de sexta-feira e, em especial, no sábado, o risco para ela está na categoria 6, a máxima de perigo de uma ferramenta desenvolvida pelo Cemaden.

Os volumes de chuva podem variar, dependendo da localidade. Mas é prevista chuva acima de 200 mm por dia. Chuva acima de 50 mm dia já é considerada muito intensa, capaz de provocar enxurradas, deslizamentos e inundações. Especialistas monitoram a potencial tempestade desde segunda-feira (18).

“Os modelos divergiam, mas, todos coincidem em projetar chuvas extremas e por isso alertamos a Defesa Civil Nacional. Claro, a intensidade e as localidades mais afetadas podem ainda mudar porque o tempo está muito instável. Mas não há dúvida de que as chuvas virão fortes e a população precisa estar de sobreaviso” – disse Marcelo Seluchi, diretor do Cemaden.

Ele alerta ainda: “infelizmente, o cenário é de uma situação meteorológica parecida com a que tivemos em janeiro de 2011. Hoje é quarta-feira (20) e os modelos podem mudar. Queríamos muito que isso ocorresse. Mas, pelo que se vê neste momento, não há dúvida que a chuva virá forte.”

Passagem de frente fria

A chuva extrema será resultado da passagem de uma frente fria rápida, mas poderosa, já com características de outono, com uma massa de ar quente e úmido, que há mais de uma semana causa calor intenso no estado do Rio de Janeiro. É isso que os modelos de previsão consideram. Mas ela pode ganhar ainda mais força.

“O Oceano Atlântico está muito quente. O mar quente joga mais vapor na atmosfera, combustível para alimentar nuvens de chuva. O Atlântico quente teve um papel importante em Petrópolis e Angra, em 2022. A frente fria vai passar por São Paulo, mas para o Rio, o perigo será maior. Talvez também atinja o Sul de Minas Gerais e o Espírito Santo” – disse Marcelo Seluchi.

A previsão é que a frente fria ficará estacionada no estado do RJ, chovendo com muita intensidade por pelo menos um dia inteiro. “Mas não sabemos exatamente o quanto de volume e por quanto tempo. Não sabemos, por exemplo, se essa frente se transformará numa Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) na próxima semana. Esse seria o pior cenário. Mas é prematuro afirmar isso” – disse o diretor do Cemaden.

Previsão do tempo para RJ

A chuva começa ainda na madrugada de quinta-feira (21/3), mais forte em São Paulo. Na sexta-feira (22) chove forte no Rio de Janeiro, mas os volumes mais elevados foram projetados para o sábado (23). Os modelos meteorológicos têm algumas divergências, mas todos coincidem em volumes de chuva muito elevados no sábado em todo o estado.

“A dúvida, por ora, é que como se trata de uma frente fria muito rápida, os modelos podem errar no momento em que ela virá, adiantar ou atrasar. E também as áreas mais afetadas. Não há dúvida que o estado do Rio será atingido. Mas pode ser que ela se estenda até o Espírito Santo e o Sul de Minas Gerais, além do litoral de São Paulo. Esse é um mês perigoso” – conclui o diretor do Cemaden.

Entrevista do Jornal O Globo

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