Corruíra: a pequena ave curiosa presente na região serrana do RJ
Na coluna desta semana, vamos mostrar uma pequena ave curiosa que é parente do famoso uirapuru, porém, diferente deste, é bastante comum na região serrana fluminense: trata-se da corruíra (Troglodytes musculus), que também leva o nome de garrincha ou garrinchinha.
Medindo de 10 a 13cm, com peso de 10 a 12 gramas, na coloração parda, tem um leve estriado ao final das asas e rabo. Pequena no tamanho, mas poderosa no canto melodioso e alto para o seu porte, o torna muito agradável de escuta-lo. É uma ave brava e territorialista quando nidifica, e para mostrar poder e espantar outros indivíduos, emite um apelo alto e rouco, repetidas vezes.
A garrincha faz seu ninho em todo tipo de cavidade, e por isso o seu gênero é nomeado Troglodytes (moradores de cavernas). Geralmente seus ninhos são feitos de gravetos, utilizando também qualquer tipo de material, como prego, metal, plástico, tecido. A cavidade, onde são depositados os ovos, é forrada com pelo de animais, e até cabelo humano.
A corruíra coloca de 3 a 6 ovos na cor vermelho claro. Eclode a cerca de duas semanas e os filhotes levam, em média, 4 semanas para deixarem os ninhos. É interessante constatar, que é muito comum vê-la nidificar em cavidades de casa e principalmente em casinhas de passarinhos, que costumamos pendurar em varandas, não se importando tanto com a presença humana.
Um hábito que foi observado desta ave, é que pode destruir ovos de outras aves, sem mesmo se alimentar deles – principalmente do sabiá-barranco, como uma forma de eliminar competidores. A garrincha pode ser vista solitária, ou em casal, sendo que macho e fêmea cantam em dueto.
É encontrada em bordas de matas, cerrados, caatingas, áreas alagadas e campos verdes urbanos próximo às residências. Uma característica que o assemelha a um camundongo, é o fato de pular enquanto se locomove pelo chão. É considerada uma ave aventureira, por explorar locais mais escuros e buracos.
A corruíra ou garrincha (Troglodytes musculus), apesar de ser uma canora, ou seja, cantora, e seu canto ser considerado melodioso, bonito, e bastante apreciado, não veio a se tornar uma espécie de gaiola, o que de fato é ótimo para sua existência.
Para preservá-la, basta manter o ambiente, como matas e bosques, e o mais importante, deixá-la seguir seu curso, preservando seus locais de ninhos. Outro ponto que é favorável para esta espécie, é que se tornou bastante adaptada a vida urbana.
Acima, o canto da corruíra gravado por Gabriel Monnerat.
Observação do autor: pude notar, enquanto um casal nidificava em minha casa que, como era a segunda vez, foi utilizado o mesmo local da primeira vez. Talvez possa ser até o mesmo casal, e que sempre quando se aproximavam do ninho, emitiam um apelo alto e rouco, e assim entravam na cavidade do ninho. Não se importando tanto com a presença humana.
As fotografias foram tiradas no município de Cordeiro (RJ), ave muito comum na região serrana do RJ, e uma das principais cantoras das manhãs e finais de tarde, competindo com os sabiás.