Carmo & Mão de Luva: origem e evolução

O garimpeiro Manuel Henriques, o Mão de Luva, talvez por influência do filósofo Sêneca – “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe aonde ir” – caminhou, em 1760, de Guarapiranga, hoje Piranga (MG), para o local onde se instala a cidade de Cantagalo. Atravessou Porto Velho, hoje Porto Novo do Cunha, entrando por terras do Carmo. Aqui construiu o povoado El-Rey, com casas rústicas construídas de pau a pique em um pequeno vale, na Mata Atlântica, entre montanhas.

Esse local, a partir de 1786, passou a ser denominado Novas Minas de Cantagalo, com o reconhecimento do vice-rei Luís de Vasconcelos e Souza que governava a então Capitania Real do Rio de Janeiro. Souza era Conde de Figueiró, o 12º vice-rei, entre 1778 e 1790, capitão-general de Mar e Terra do Estado do Brasil e bacharel em Cânones, pela Universidade de Coimbra.

Entre 1760 e 1786, as terras de Nova Friburgo a São Fidélis eram dominadas por Manuel Henriques e seus companheiros e escravos de garimpagem. Cantagalo foi reconhecido como distrito do então município de Santo Antônio de Sá (Cachoeiras de Macacu) em 1806. Em 9 de março de 1814, como vila São Pedro de Cantagalo, um município. A vila foi elevada à categoria de cidade em 1857: simplesmente Cantagalo.

Até o século XIX, as atuais terras compreendidas nessa região eram caracterizadas pela presença marcante da Mata Atlântica original e pertenciam a Cantagalo. A cisão desse território teve começo em 1818, com a criação da Colônia Nova Friburgo, para abrigar imigrantes suíços, e foi transformado em município.

Em seguida, nos séculos 18, 19, 20 e 21, a região foi fragmentada nos municípios de Bom Jardim, Carmo, Cordeiro, Duas Barras, Macuco, São José do Vale do Rio Preto, São Sebastião do Alto, Santa Maria Madalena, Sumidouro e Trajano de Morais. E mais São Fidélis, ligado à região de Campos. A região, que era ocupada somente por Cantagalo, hoje está dividida em treze municípios.

O município do Carmo comemorou, no último dia 13 de outubro, 142 anos de existência. Em 13 de outubro de 1881, quem governava a província do Rio de Janeiro era João Marcelino de Sousa Gonzaga (1820/1898), advogado e ex-juiz de direito, do Partido Conservador.

A história do Carmo começa com uma sesmaria existente no município de Cantagalo: Arraial de Samambaia ou de Cantagalo.  Por volta de 1832, iniciou-se o povoamento dessa sesmaria de colonos vindos do Norte-fluminense, subindo o rio Paraíba do Sul, dentro do contexto do ciclo econômico do café. O povoado começou com a construção da primeira igreja.

Conforme informações extraídas do livro Um Século de História Carmense, que foi editado no ano de 1977, no Centenário da Matriz de Nossa Senhora do Carmo, o povoamento inicial do Carmo teria sido em torno da primeira igreja matriz em homenagem à Nossa Senhora do Carmo, no morro da Samambaia.

O distrito foi criado com a denominação de Nossa Senhora do Monte do Carmo, pela lei provincial nº 369, de 25 de abril de 1884 e por decretos 1, de 8 de maio de 1892 e 1-A, de 3 de junho de 1892, subordinado ao município de Cantagalo. Elevado à categoria de vila com a denominação Nossa Senhora do Monte do Carmo, pela Decreto Provincial nº 2.577, de 13 de outubro de outubro de 1881, foi desmembrado de Cantagalo e Nova Friburgo. Constituído distrito sede. Instalado em 26 de fevereiro de 1886.

Elevado à condição de cidade, recebeu a denominação de Carmo, por força do Decreto RJ 8, de 12 dezembro de 1889. Pela deliberação de 30 de agosto de 1890 e decretos estaduais 1, de 8 de maio de 1892 e 1-A, de 3 de junho de 1892, são criados os distritos de Córrego da Prata e Porto Velho do Cunha, anexados ao município de Carmo.

Hoje, o município é constituído por três distritos: Carmo, Córrego da Prata e Porto Velho do Cunha. Neste foi por onde passou Manuel Henriques, em 1760, vindo para o local onde existe a cidade de Cantagalo. Em 2022, tem 17.198 habitantes, segundo dados do IBGE, que ocupam uma área de 305,749km². IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 0,696, relativo a 2010; renda per capita R$ 30.557,41 (2020). Sérgio Luiz Peres Soares (PDT) é o prefeito; o vice-prefeito é Samuel Romão (PSD), ambos para legislatura (2021/2024). Quem nasce no Carmo é carmense.