Fazenda Conceição do Pinheiro: a pérola de Duas Barras
O município de Duas Barras, localizado na parte setentrional do vale do Paraíba do Sul possui inúmeras fazendas históricas do ciclo do café. No Império pertencia ao município de Cantagalo. Fui visitar uma delas, a Fazenda Conceição do Pinheiro. Banhada pelos rios Negro e Macuco, este recurso hídrico movia os engenhos da fazenda, já que a energia vinha da água. Foi de propriedade de José de Aquino Pinheiro, o Barão de Aquino. Nascido em 07 de março de 1837, na Fazenda Ribeirão, era filho de família tradicional. Seu pai, o tenente-coronel Joaquim Luiz Pinheiro, de origem portuguesa, recebeu os títulos de Barão do Paquequer e depois Visconde de Pinheiro. O Barão de Aquino casou-se com a sua prima Rita Luiza Ribeiro e teve 15 filhos, dos quais 8 sobreviveram.
A construção da casa-sede da Fazenda Conceição do Pinheiro foi finalizada em 1880. Geralmente as fazendas de café formavam um conjunto composto da casa-sede, terreiro de café, senzala, armazéns e as casas de máquinas denominadas de engenho. Uma característica comum destas unidades produtivas é que as edificações ficavam em torno do terreiro de café, local onde ocorre a primeira fase de beneficiamento deste produto. A localização da casa de vivenda permitia igualmente uma visão das plantações de café e dos escravizados nas encostas dos morros que cercam a propriedade.
No final do século 19, alguns barões do café da região serrana fluminense faliram. Atribuiu-se a este acontecimento a falta de adubagem das terras acarretando pouca produtividade dos cafezais, bem como o fim da escravidão. Penhoradas, muitas fazendas foram sendo vendidas em hasta pública ou ainda a particulares. O Barão de Aquino não escapou da crise. Faleceu em 1921, aos 84 anos de idade na Fazenda Santa Mônica e ano depois de sua morte, a Fazenda Conceição do Pinheiro foi vendida ao capitão Regino Monnerat. A partir de então, ocorre a diversificação da atividade econômica desta fazenda.
De acordo com o Álbum do Município de Duas Barras, de Júlio Pompeu, na administração de Regino Monnerat a Conceição do Pinheiro possuía 582 alqueires e produzia anualmente 12.000 arrobas de café, além das culturas de cana e cereais e da indústria pastoril – em torno de 300 cabeças de gado – com a introdução do gado zebu. A estrutura da fazenda contava com dois engenhos, de cana e de café. Na propriedade 100 alqueires eram ocupados por mata nativa e 30 alqueires em capoeirão. Essas terras eram distantes de 12 a 19 km das linhas férreas mais próximas, e servidas pelas estradas de rodagem Duas Barras – Murinelly – Monnerat, facilitando o escoamento da produção. A economia de Duas Barras e de toda região serrana se consolida com a pecuária leiteira.
As pinturas de motivos alusivos à música, arte, economia, jurisprudência, agricultura e a fé se encontram estampadas nas paredes da casa-sede. Um aspecto que me chama a atenção é o enorme número de fazendas em Duas Barras adquiridas pelos Monnerat, contemporâneos do capitão Regino. Das 43 fazendas na região pertenciam aos Monnerat: Conceição do Oeste e São João a Álvaro Monnerat; Palmeiras aos herdeiros de Aristides Monnerat; Riachuelo a Constâncio José Monnerat e sua irmã; Palmeiras de Leste a João Henrique Monnerat; N.S. da Guia, São Vicente e Rancharia do Norte a José Constâncio Monnerat; Boa Sorte a Monnerat & Vidal; Penedo a José Monnerat Junior; Conceição de Leste a Jovino Monnerat e Santo Antônio do Monte a Paulino Monnerat. Não é por acaso que um dos distritos de Duas Barras se chama Monnerat. Atualmente a Conceição do Pinheiro pertence a Aloisio Feiteira Silveira e dedica-se tão somente a pecuária leiteira.