Idosa de 72 anos corre risco de morte por aguardar cirurgia em Cordeiro
A família de uma mulher de 72 anos de idade, moradora de Cordeiro, na Região Serrana do Rio de Janeiro, está indignada com o descaso quanto a saúde da idosa que corre sério risco de vida. Ela vai aguardar dois meses por uma cirurgia para a colocação de um cardioversor desfibrilador implantável (CDI), aparelho que monitora o ritmo cardíaco e corrige automaticamente os batimentos acelerados.
Dona Leni Neves Curty, 72 anos, deu entrada no Hospital de Cordeiro no dia 10/07/2023, com sintomas de arritimia cardíaca grave. Após alguns exames exigidos, mostrou-se a necessidade de implante de um cardioversor desfibrilhador implantável. A paciente chegou a ficar internada por duas semanas e, depois disso, recebeu alta sob alegação de risco de infecção e que deveria aguardar em casa uma vaga para fazer a cirurgia.
Devido a gravidade e necessidade de agilidade no caso, a comarca local da unidade foi procurada, mas nada foi resolvido. Um dos autores da denúncia é o médico Dr. Benedito Robadey, que assumiu o caso da paciente e autorizou a citação da denúncia, dizendo ainda, que o prefeito da cidade está ciente do caso. A família manifesta grande insatisfação. O caso da idosa também está no fórum.
“Após diversos transtornos, a cirurgia foi marcada para 11/08/2023, um mês após o diagnóstico. A cirurgia acabou não acontecendo e sendo remarcada para quatro dias depois (15/08/2023), no Hospital São Lucas, em Nova Friburgo. Por motivos que não souberam informar, agora, foi mais uma vez remarcada para 12/09/2023 – dois meses para uma paciente com risco de morte. Ela está em casa, prostrada, com frequência cardíaca de quase 200 batimentos por minuto” – denuncia o médico Dr. Benedito Robadey.
Ainda segundo a denúncia, a direção do Hospital de Cordeiro não soube informar a dificuldade na assistência à paciente. A Secretaria de Saúde teria delegado a responsabilidade do caso para a unidade de Nova Friburgo. “Esta é a verdadeira realidade que se encontra a Saúde de Cordeiro. Quando falamos a verdade nas redes sociais, o grupo do prefeito inventa que é fake news para tentar desqualificar uma reivindicação justa do cidadão. Uma opressão. É bom que todos vejam isso. Estão mais preocupados com as festas e a imagem deles do que com uma vida” – desabafa um familiar.
Nota na íntegra
“A Prefeitura de Cordeiro, através da Secretaria Municipal de Saúde, vem a público esclarecer sobre o caso da cirurgia de uma idosa para a colocação de marcapasso.
A paciente deu entrada no Hospital de Cordeiro no dia 10/07/2023, apresentando um quadro de taquicardia ventricular. Devido ao quadro no qual se encontrava, foi referenciada para colocação de marcapasso, sendo inserida na central de vagas no dia 12 de julho. A Central de Vagas realiza o cadastro de pacientes para agendamentos de triagens cirúrgicas, especialidades e exames de média e alta complexidades, contempladas por meio do sistema Estadual.
Dessa maneira, no dia 15 de julho foi informado que a paciente teria conseguido vaga para realizar a cirurgia no dia 15 de agosto no São Lucas, em Nova Friburgo. Porém, no dia 14 de agosto o São Lucas encaminhou um e-mail para o Hospital de Cordeiro com a seguinte informação: “A vaga foi recusada devido ao limite de marcapassos que podem ser realizados aqui na Unidade”.
A partir desse cenário, o Hospital de Cordeiro entrou em contato com a responsável pelo setor de cardiologia do São Lucas e solicitou a marcação – o mais breve possível – para a realização do procedimento. Assim, a paciente está agendada para o dia 12 de setembro, com ciência da família da paciente.”
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Reclamações
Recentemente, noticiamos denúncias de diversos cidadãos quanto a saúde cordeirense. Muitos, com medo da perseguição política, acabam não se pronunciando e sofrem calados com as mazelas dos gestores pagos com dinheiro do povo. As principais reclamações na cidade, relatadas na área da saúde, são: sobre os serviços prestados no hospital, a falta de agilidade e organização no sistema de saúde, a falta de medicamentos nos postos, fila de espera para cirurgias e a falta de médicos e dentistas nos postos de saúde da cidade exposição.
Devido os transtornos no setor da Saúde Municipal, no último dia 8 de agosto, foi publicado no Diário Oficial, a exoneração do secretário da pasta, dando lugar a uma nova gestora. Recentemente, uma Organização Social (OS) assumiu os serviços de saúde na cidade. O Centro de Estudos e Pesquisas Científicas Francisco Antônio de Salles, com sede na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, vai receber mais de R$ 9.6 milhões pelos serviços prestados em Cordeiro, no período de 12 meses.
Outros casos
Esta semana, um novo caso chamou a atenção no Hospital de Cordeiro. O paciente Leonardo da Costa Neves está em estado grave há mais de 10 dias aguardando uma vaga na Secretaria de Saúde da cidade na tentativa de resolver seu problema. Ele deu entrada na unidade hospitalar no dia 12/08/2023 e está durante este período internado, recebendo medicação para dor. Ele sofreu fratura do úmero (osso do braço, o maior osso do membro superior) e quebrou três costelas após acidente.
Outro ápice da situação caótica testemunhada na rede de saúde do município foi o caso de um homem que se acidentou de moto no final de julho. Segundo familiares, não havia ortopedista para atendê-lo, nem tramadol (medicamento para tirar a dor). O dedo do paciente foi colocado no lugar, por uma técnica de mobilização, devido à falta de ortopedista. Fomos informados que não havia equipe de sobreaviso (profissionais disponíveis para atendimento de emergência a qualquer hora).
Outro recente capítulo que marcou a rede municipal de saúde, foi a demissão de um conceituado cirurgião do Hospital de Cordeiro. Em protesto, a equipe técnica resolveu se demitir, por entender que não poderia compactuar com os desmandos do sistema. Durante uma cirurgia de obstrução intestinal faltou um clamp; o médico-cirurgião solicitou o item, mas estava em falta. O Governo Municipal teria transferido a responsabilidade, terceirizando a culpa pela falta de insumos. O paciente acabou sendo operado em Maricá, a mais de 100 quilômetros de distância.
Sobre estes casos acima, tanto o Hospital de Cordeiro, quanto a Prefeitura Municipal, não se manifestaram.