Primeira ligação feita por celular completa 50 anos
“Um telefone de mão totalmente portátil que permitirá ao usuário fazer ou receber chamadas telefônicas de praticamente qualquer lugar em uma área metropolitana”, essa era a descrição do DynaTAC 8000x no dia da realização da primeira chamada telefônica da história, realizada no histórico dia 3 de abril de 1973, há exatos 50 anos.
Desenvolvido pela Motorola e exibido pela primeira vez meio século atrás, o DynaTAC 8000x era um dispositivo surpreendente e inovador para a sua época. Mesmo pesando cerca de 1,4 quilo, com quase 25 centímetros de altura e uma antena extensível no topo para melhorar o sinal durante chamadas, ele revolucionou a indústria.
Nos cinquenta anos desde aquela primeira ligação, o dispositivo volumoso de Cooper evoluiu e foi substituído por uma ampla gama de telefones mais finos e rápidos que agora são onipresentes e remodelam as indústrias, a cultura e a maneira como nos relacionamos uns com os outros e com nós mesmos.
Pai do celular
O inventor americano e engenheiro visionário Martin Cooper (1928) é considerado o pai do celular. O primeiro protótipo que efetivamente funcionou levou apenas 90 dias para ficar pronto. Esse é considerado o primeiro celular da história, responsável por mudar o curso da história das telecomunicações.
A empresa Motorola havia investido milhões de dólares no projeto, com a esperança de derrotar a Bell System, um gigante que dominou as telecomunicações nos Estados Unidos desde sua criação em 1877.
Os engenheiros da Bell lançaram a ideia de um sistema de telefonia celular logo após a Segunda Guerra Mundial e, no final da década de 1960, conseguiram colocar telefones em veículos, em parte por causa da enorme bateria necessária para funcionar.
Com os recursos da Motorola, reuniu especialistas em semicondutores, transistores, filtros e antenas, que trabalharam sem parar por três meses.No final de março, a equipe revelou o modelo DynaTAC (acrônimo para Cobertura Dinâmica e Adaptativa de Área Total).
“Esse telefone pesava mais de um quilo e tinha bateria para 25 minutos de conversação”, lembra. “Mas este último não foi um problema. O telefone era tão pesado que você não conseguia segurá-lo por mais de 25 minutos”, completa.
Essa primeira ligação não precisava ser longa. Bastava ser bem-sucedida. E que melhor destinatário do que o rival? “Eu estava na Sexta Avenida [em Nova York] e me ocorreu ligar para meu concorrente na Bell System, o doutor Joel Engel”.
“E eu disse: ‘Joel, aqui é Martin Cooper. Estou ligando de um celular de mão. Mas um celular de mão de verdade, pessoal, portátil, de mão. Houve um silêncio do outro lado da linha. Acho que ele estava rangendo os dentes”, contou.
Avaliados em US$ 5 mil (em torno de R$ 131 mil), os primeiros telefones celulares definitivamente não eram baratos, mas trouxeram benefícios para seus primeiros usuários, que, segundo Cooper, incluíam pessoas no ramo imobiliário.
Alerta da tecnologia
Martin Cooper alerta sobre a dependência dos aparelhos eletrônicos. Em entrevista à AFP, Cooper disse que “o problema com os celulares é que as pessoas não param de olhar para eles”. Para ele, os aparelhos têm um potencial ilimitado, mas atualmente podem estar causando uma obsessão nos usuários.
O engenheiro, que tem um Apple Watch e o iPhone mais recente, disse que troca de aparelho a cada nova versão e submete-os a uma análise minuciosa. No entanto, ele afirmou que nunca vai conseguir usar um celular da mesma forma que seus netos e bisnetos.
Apesar das críticas, Cooper acredita que o celular tem um potencial virtualmente ilimitado e pode até ajudar na batalha contra algumas doenças. No entanto, ele alerta para o uso consciente dos aparelhos eletrônicos para não comprometer a qualidade de vida dos usuários.
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