Casa de Euclides da Cunha está fechada há mais de 10 anos em Cantagalo
A Casa de Euclides da Cunha está fechada há mais de 10 anos em Cantagalo, na Região Serrana do Rio, e deixa de compartilhar com moradores e visitantes, as histórias, memórias e um vasto acervo sobre a vida do ilustre escritor cantagalense, considerado uma das personalidades mais importantes da literatura brasileira. O local também abriga o encéfalo do escritor, que celebra 157 anos de sua trajetória.
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Criada em 1965 pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, o espaço representa o único centro cultural da cidade. O local já chegou a receber cuidados da Prefeitura de Cantagalo, que não renovou o Termo de Cooperação com a FUNARJ. Em nota, a Prefeitura de Cantagalo informou: “A Casa Euclides da Cunha é um museu estadual, vinculado à FUNARJ, da Secretaria de Estado de Cultura. O município já solicitou, inclusive, que a administração da Casa fosse passada à administração municipal, entretanto não foi realizada”.
A FUNARJ também emitiu nota ao Serra News. “A Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (FUNARJ) reassumiu a gestão da Casa de Euclides da Cunha e está atuando para a reabertura prevista para agosto de 2023. Para isso, realizou obras de manutenção e conservação do edifício e desenvolveu e executou o necessário Plano de Emergência contra incêndio e pânico, atendendo ao Código de Combate a Incêndio e Pânico. A proposta é oferecer um museu em consonância com a relevância nacional de Euclides da Cunha. Para isso foi contratado e desenvolvido um projeto museológico e museográfico inovador, valorizando a relação do patrono com a cidade onde nasceu. O projeto deveria ser apresentado em recente evento comemorativo aos 157 anos de nascimento de Euclides da Cunha, que está aguardando nova data pelos organizadores. A próxima etapa de modernização depende da licitação para contratação de produtora para a implantação dos projetos desenvolvidos e a contratação da equipe de servidores que atuarão na unidade. A reabertura da Casa de Euclides da Cunha faz parte das ações do processo de interiorização das ações culturais do Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da FUNARJ”.
Apenas o cérebro de Euclides da Cunha, conservado em formol, está em Cantagalo, dentro de um relicário guardado em um túmulo dentro museu. Já a ossada do escritor, se encontra num mausoléu do município paulista São José do Rio Pardo, onde morou por três anos e escreveu ‘Os Sertões’, história baseada na Guerra dos Canudos (1896-1897). Na cidade, a 686 quilômetros de Cantagalo, o escritor também é venerado pela população local. Os despojos de Euclides foram separados em 1983, com a exumação do seu corpo, que estava sepultado no Cemitério São João Batista, no Rio.
O Serra News não teve acesso e nem resposta sobre o atual estado de conservação do cérebro de Euclides da Cunha, bem como importantes documentos e objetos pessoais, artefatos de guerra e um dos primeiros exemplares de “Os Sertões”, do escritor. Pelo lado de fora do museu é possível observar salas vazias, livros empilhados e muita bagunça. Neste ano em que celebra 157 anos, em sua cidade natal, sua história e trajetória continuam esquecidas e sem representatividade.
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