Nova vacina contra Covid pode exigir apenas uma dose por ano
Entre todas as incertezas que giram em torno da Covid-19, uma coisa parece consenso entre especialistas e leigos no assunto: ela não vai desaparecer. Pelo menos nos próximos anos. Uma visão otimista (há possibilidades apocalípticas, dependendo das variantes que surgirem) é a de que se assemelhe a uma gripe, com consequências atenuadas pelos anticorpos que adquirimos com as vacinas.
Mas, hoje, para que continuemos com os anticorpos fazendo o trabalho deles, precisamos tomar a vacina com uma frequência bem maior do que a da gripe. No Brasil, a primeira aplicação de uma dose de imunizante aconteceu em janeiro de 2021. E, neste um ano e meio, maiores de 50 anos já estão recebendo sua quarta dose. Aqueles com baixa imunidade já estão na quinta dose. Cinco doses em um ano e meio.
Mas e se fosse possível – e seguro – tomar apenas uma dose anual, como acontece justamente com uma gripe convencional? Esse sonho – diante das circunstâncias atuais – pode estar próximo da realidade.
De acordo com os primeiros resultados dos testes, uma nova versão da vacina Covid, da farmacêutica Moderna, produz um aumento de oito vezes nos níveis de anticorpos contra a variante Omicron.
Paul Burton, diretor médico da Moderna, disse que, com esse aumento da proteção, um reforço por ano pode ser suficiente – pensando num futuro em que não apareça uma variante extremamente diferente das atuais.
“Pela primeira vez, poderíamos realmente estar olhando para o potencial de apenas uma vez por ano, porque podemos levar as pessoas a um nível tão alto [de anticorpos] que levarão mais tempo para decair”, afirmou.
Se o reforço realmente fornecer proteção de um ano contra o Covid, pode abrir caminho para lidar com a doença de maneira semelhante à gripe, em que as cepas são rastreadas continuamente para identificar quais devem entrar na vacina sazonal do ano seguinte.
Chamado mRNA1273.214, o novo imunizante combina 25 microgramas da vacina Moderna Covid original com 25 microgramas de uma especificamente direcionada à variante Omicron. É a primeira formulação “bivalente” a combinar proteção contra Omicron e a cepa original de coronavírus.
No estudo, as injeções de 50 mcg foram dadas a 437 pessoas que já haviam recebido três doses da vacina Moderna original desde o início da pandemia.
Cerca de um quarto dos que participaram do teste já haviam sido infectados com Covid e, nestes, os anticorpos aumentaram ainda mais. Níveis de anticorpos acima de 400 unidades pareciam suficientes para prevenir a infecção e, no teste, os níveis subiram até 6.000 naqueles que não haviam sido infectados com Covid antes e para 9.500 nos que testaram positivo anteriormente.
A vacina bivalente da Moderna tem como alvo a variante BA.1 da Omicron, surgida no fim do ano passado (já há variantes BA.4 e BA.5 circulando), mas Burton pontuou que, mesmo que haja alguma redução na proteção contra variantes mais recentes, a nova vacina ainda deve oferecer boa proteção a longo prazo. “Sinto-me confiante de que vai resistir à família agora.”
A Moderna ainda não tem suas vacinas contra a Covid disponíveis no Brasil.
Fonte: Super Interessante