Insônia aumenta demanda por remédios para dormir
De acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), cerca de 73 milhões de brasileiros sofrem com problemas de insônia. Durante o agravamento da pandemia, uma pesquisa do Instituto do Sono indicou que a situação se tornou ainda mais recorrente – cerca de 70% da população passou por dificuldades para pegar no sono. Isso fez com que muitos indivíduos tivessem que buscar ajuda médica, passando a utilizar remédios para dormir. Para ter segurança durante o uso, no entanto, é preciso entender em que casos a medicação é recomendável e que cuidados devem ser tomados.
Segundo o médico psiquiatra do Hospital Universitário (HU-UFJF/Ebserh) e professor da UFJF Alexandre de Rezende, a insônia ocorre quando o padrão ou a qualidade de sono não é capaz de fazer o indivíduo descansar. “É o que chamamos de sono não reparador. A pessoa ainda acorda cansada e tem repercussões disso ao longo do dia, com dificuldade de concentração, alteração do humor, apetite e cansaço”, explica.
Nesse sentido, o psiquiatra alerta que grande parte dos casos estão relacionados a transtornos psiquiátricos, as chamadas insônias secundárias. “Os quadros de depressão e ansiedade, por exemplo, geram a insônia como um sintoma.” A pandemia provocada pelo coronavírus, avalia, contribuiu para a redução na qualidade do sono. “O cenário da pandemia aumentou o estresse, causando preocupações, como o medo de contaminação e a perda do emprego”, explica.
Para o médico psiquiatra Glauco Corrêa de Araújo, diretor da Vila Verde Saúde Mental, há outros motivos que podem estar causando o aumento de relatos de insônia. “Nos tempos atuais, há intenso crescimento de cobranças e responsabilidades no mercado de trabalho, em termos de performance e compromissos financeiros, fazendo com que o indivíduo fique cada vez mais exposto a uma sobrecarga excessiva em diversos âmbitos de vida”, diz. Para ele, isso causa um quadro de autocobrança excessiva, que pode causar danos à saúde mental, inclusive fazendo com que o indivíduo relute em buscar ajuda.
Higiene do sono
Antes de prescrever remédios para dormir, os especialistas destacam a importância da higiene do sono, que, de acordo com Glauco, “é uma prática comportamental que inclui uma mudança de hábitos diários para preparar o corpo e a mente para o sono”. Para atingir esse objetivo, o psiquiatra explica que é preciso adotar hábitos, como manter uma rotina de sono, não ingerir cafeína ao final do dia e criar um ambiente confortável para dormir (silencioso, escuro e com temperatura agradável). Além disso, é muito importante evitar o consumo de bebidas alcoólicas, cochilar durante o dia, deitar antes da hora habitual, não usar telas antes de dormir e evitar refeições pesadas à noite, dentre outros cuidados.
Na visão de Rezende, esses cuidados costumam gerar ótimos resultados. “A atividade física, por exemplo, é um dos melhores tratamentos para insônia. Também é muito importante ter contato com a luz do sol, porque o nosso cérebro consegue identificar o que é luz (dia) e ausência de luz (noite).” Ele explica que, quando o cérebro percebe que a luminosidade está caindo, ele tem uma série de reações que induzem ao sono.
Matéria da Tribuna de Minas