Dr. Francisco Fajardo: o mártir da ciência brasileira
O município de Santa Maria Madalena, região serrana fluminense serviu de berço natal há muitos brasileiros que se destacaram ao prestar relevantes serviços à pátria brasileira nos mais variados setores da sociedade e ramos da ciência.
Entre esses madalenenses de destacado valor está o grande médico Francisco Fajardo e é a respeito da sua grandiosa obra que temos a grata satisfação de trazer à baila, mesmo que superficialmente, informações que dão dimensão da sua importância para a ciência brasileira.
O doutor FRANCISCO DE PAULA FAJARDO RODRIGUES JÚNIOR ou simplesmente Francisco Fajardo como era mais reconhecido, nasceu em 8 de fevereiro de 1864 na fazenda Cachoeira, município de Santa Maria Madalena. Cursou a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro onde colou grau em 7 de junho de 1888, sendo aprovado com distinção ao defender sua tese de doutorado sobre o hipnotismo. Tendo sido o autor da primeira obra brasileira completa sobre o hipnotismo médico e também o primeiro a pesquisar e documentar detalhadamente a história da introdução do magnetismo animal no Brasil.
Era considerado um “MÁRTIR DA CIÊNCIA”, pois, foi graças ao seu elevado grau de inteligência e aos seus aprofundados estudos que a medicina brasileira teve consideráveis avanços, principalmente no amplo campo das moléstias tropicais, onde suas cuidadosas investigações e pesquisas foram preciosas para os cientistas de todo o mundo.
Em memorável sessão do Senado Federal, ninguém menos do que Rui Barbosa assim se referiu a esse grande médico, falecido em 06 de novembro de 1906 com apenas 42 anos de idade, na cidade do Rio de Janeiro: “cuja vida intelectual é uma das que mais altamente revelam a cultura científica brasileira e cuja vida moral resplandece sobre nós todos como um modelo imaculado de virtudes. Não será demais afirmar que a reconhecida obra em benefício da medicina qualifica-o como mártir da ciência brasileira”.
Como representante do Brasil em congressos científicos que se realizavam em vários países da América Latina e da Europa, tornou-se respeitado pelo seu saber e pelos seus reconhecidos estudos científicos que resultaram em grande benefício à humanidade no campo da medicina. Foi um dos pioneiros no estudo na Microbiologia no país, destacando-se pelas investigações realizadas sobre o parasita causador da malária, sendo exaltado pela imprensa médica como o descobridor em 1880, no Brasil, do hematozoário identificado por Alphonse Laveran. Elaborou também estudos sobre cólera-morbo, beribér i, piroplasmose bovina e espirilose em galinhas, com artigo publicado na Alemanha.
Em 1892, com a reputação de tal obra, assumiu o cargo de assistente da cadeira de clínica propedêutica e lecionou na Universidade Popular Livre e na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1895 publicou diversos trabalhos de pesquisa em laboratório, como Diagnóstico e prognóstico das moléstias internas pelo exame químico, microscópico e bacteriológico, sendo que, devido à falta de estrutura existente no Brasil naquela época a continuidade desses estudos foi colocada em segundo plano.
Em vista ao sucesso da tese de doutorado de 1888 e o despertar de tanto interesse dos meios acadêmicos, Fajardo ampliou-a tornando-a a maior fonte de pesquisa sobre os primórdios do magnetismo animal no Brasil e a relançou como um “Tratado de Hypnotismo” em 1896, que foi introduzida na corte brasileira pelo médico Érico Coelho, que além de outras afirmativas escreveu a respeito do Dr. Francisco Fajardo: “À medida que levada à Academia o resultado dos seus estudos práticos sobre hipnoterapia, foram vindo à luz da publicidade várias comunicações médicas. Animados com esse exemplo, alguns médicos fluminenses começaram a estudar e praticar a medicina sugestiva, outros se gabaram de a ter empregado há muito tempo, e assim despertou-se no público médico e entre os homens de letras, em geral, a atenção, o gosto pela leitura desses assuntos. Os livros de Bernheim, Biné e Feré, entre outros, começaram a circular de mão em mão, e a sucederem-se as remessas de livros dessa matéria para o nosso mercado”.
Foi no pequeno laboratório que o Dr. Francisco Fajardo criou na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, que Carlos Chagas, então seu aluno na Faculdade de Medicina, iniciou-se na pesquisa sobre a malária. Em 1893 foi eleito membro da Academia Nacional de Medicina, além de ter sido o fundador do Laboratório Bacteriológico Federal, sendo o seu primeiro Diretor e organizado e dirigido o serviço de clínica médica da Associação dos Empregados do Comércio na cidade do Rio de Janeiro.
Morreu aos 42 anos, em 6 de novembro de 1906, por choque anafilático, ao inocular um soro antipestoso fabricado no Instituto Soroterápico Nacional.
A Morte desse grande brasileiro, FRANCISCO DE PAULA FAJARDO RODRIGUES JÚNIOR repercutiu dolorosamente no Brasil e no exterior e abalou profundamente a população do Rio de Janeiro e a todos os madalenenses que têm muito orgulho de saberem que nasceu neste torrão fluminense tão brilhante brasileiro.