Tumulto e rodoviária vazia: paralisação de ônibus afeta população de Cantagalo
Coitados dos trabalhadores e cidadãos de Cantagalo que acordaram sem poder usar o transporte público no município da Região Serrana do Rio. Isso porquê motoristas da empresa de ônibus Expresso Pinto e Palma realizaram uma paralisação nesta quinta-feira, 14/10. Uma nova licitação deve ser marcada para a concessão do transporte público na cidade.
Por volta de 7 horas, motoristas estacionaram ônibus que fazem as linhas para distritos e bairros em frente à Câmara Municipal de Cantagalo, como forma de protesto. Funcionários protestam contra salário atrasado, reivindicam seus direitos, condições de trabalho e manifestam as incertezas quanto ao transporte público na cidade. Cerca de 50 funcionários trabalham atualmente na empresa de ônibus.
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Ainda na manhã desta quinta-feira, os ônibus da Expresso Pinto e Palma se deslocaram para frente da Prefeitura Municipal. Funcionários da empresa, acompanhados de vereadores, foram tentar conversar com o prefeito. No local, houve tumulto, bate-boca e confusão entre vereadores e autoridades do Poder Executivo. A Guarda Civil e a Polícia Militar foram acionadas para acalmar os ânimos.
A Prefeitura de Cantagalo encerrou em setembro um contrato com a Expresso Pinto e Palma, para a operação do transporte municipal de passageiros. Se manteve em vigor o contrato para o transporte intermunicipal da linha Cantagalo x Cordeiro. De acordo com o governo municipal, a empresa não cumpria os requisitos impostos no contrato de concessão.
Sendo assim, uma nova licitação foi aberta e ocorreu nesta quarta-feira (13), porém, nenhuma empresa participou do certame e a licitação foi dada como deserta. Um novo certame deve ser aberto para empresas interessadas. O fiscal da Expresso Pinto e Palma, Alex Nascimento se mostrou indignado com um dos vereadores da Câmara Municipal, que se expressou sobre o transporte público na cidade.
“Nosso salário está atrasado e nosso futuro é incerto… precisamos arcar com nossos compromissos. Estamos em frente a Câmara porque os vereadores disseram que tinham cinco empresas para entrar em Cantagalo, inclusive, um vereador disse – quanto ao transporte público – que as empresas boas foram embora e que ‘sobraram os lixos em Cantagalo’, então estamos com ‘os lixos’ aqui para cobrar um posicionamento das autoridades” – disse ele.
Quando fez menção a um vereador, se referiu a Ademir Mikim, que em sessão ordinária do Legislativo Cantagalense, disse que as empresas boas haviam ido embora e que apenas os lixos ficaram em Cantagalo, se referindo ao transporte público da cidade (veja). Esse mesmo edil, disse que existia outras empresas interessadas em assumir o transporte público da cidade, entretanto, não houve manifestação de outras empresas de ônibus para assumir essa responsabilidade.
Com ônibus desgastados, documentos vencidos, frota sucateada e salários atrasados, a empresa é alvo de constantes reclamações. A Pinto e Palma não informou por quanto tempo será a paralisação, mas nesta quinta-feira (14), distritos de Euclidelândia, Boa Sorte, Santa Rita da Floresta e São Sebastião do Paraíba, além de bairros como São José, Santo Antônio e BNH, permaneceram sem transporte coletivo.
Nas principais redes sociais e também em grupos de mensagens por aplicativo, os moradores se mostram apreensivos por ficar sem o transporte na cidade. Por outro lado, pedem dignidade e respeito quanto ao transporte público na cidade, que conta com coletivos sucateados e que colocam em risco a vida de funcionários e passageiros.
Quebra de Decoro
Na sessão da Câmara Municipal de Cantagalo, o vereador Ademir Pontes Diniz (Mikim) acusou o prefeito Joaquim Augusto Carvalho de Paula de agressão, no momento do tumulto em frente à Prefeitura. O vereador entrou com uma representação por quebra de decoro no Legislativo e também registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia online da Polícia Civil. O vereador Zé da Uta afirmou que presenciou a agressão.
Por outro lado, a líder de governo, vereadora Aline Bernal disse que a licitação do transporte público ficou deserta, portanto, ninguém compareceu com interesse. Ela repudiou ainda os atos desta manhã em frente à Prefeitura e disse que serão realizadas mudanças na licitação visando facilitar. Matheus Arruda também se pronunciou e disse que o mais prejudicado nisso é sempre a população.
O presidente da Casa, o vereador Ciro Fernandes disse que não entendeu a ida dos ônibus para frente da Câmara Municipal e, pressupôs, que isso pareceu ser armação política. Também disse que os vereadores estão preocupados com a vida da população e que a empresa não tem “qualidade nenhuma para permanecer em Cantagalo”. Ele afirmou em sessão ordinária que abrirá a CPI do Transporte na cidade.
A Câmara de Cantagalo deve votar em breve a representação por quebra de decoro parlamentar.
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Nota da Prefeitura
Em Nota de Esclarecimento, emitida na manhã de sexta-feira (15), a Prefeitura Municipal de Cantagalo se pronunciou sobre o ocorrido e negou as acusações de agressão feitas por parte do vereador Ademir Pontes Diniz (Mikim), em sessão do Poder Legislativo. Veja abaixo o que diz parte da nota:
“Quando o prefeito chegou à prefeitura para receber a comissão, havia uma pequena aglomeração na porta da prefeitura, momento em que cumprimentou os presentes, inclusive alguns vereadores, e foi recebido aos gritos e ofensas pelo vereador Ademir Pontes Diniz (Mikim), momento em que o prefeito o advertiu e pediu respeito, dizendo que não aceitaria aquela postura na sede da prefeitura.
Neste momento, o citado vereador chamou o prefeito para o confronto físico, o que, por óbvio, foi ignorado, prosseguindo o prefeito para a reunião com os representantes dos funcionários da empresa, que disseram que se sentiram ofendidos com algumas falas de membros do Legislativo e que estavam apreensivos com a possível perda de empregos.
Destaca-se que todo esse ocorrido foi presenciado por dezenas de pessoas, vereadores, policiais militares, guardas municipais e servidores públicos.
Para grande surpresa, o aludido vereador Ademir Pontes Diniz (Mikim) apresentou um requerimento na Câmara Municipal para afastamento do prefeito municipal por supostamente tê-lo agredido, o que é uma verdadeira e absoluta mentira, afinal, quem estava exaltado era o vereador, conforme diversos vídeos que circulam na internet comprovam.
O prefeito Guga de Paula reitera que, em momento nenhum, agrediu o vereador e nenhuma outra pessoa, e que está sendo vítima de ataque político que em nada contribui para o município de Cantagalo.“
Motoristas de ônibus fazem paralisação em frente à Câmara de Cantagalo