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Chuvas na Região Serrana: necessárias, mas que exigem precaução

Estamos em uma primavera chuvosa, que pode se estender e se transformar em um verão chuvoso até o final de março de 2022. A chuva reabastece o lençol freático, alimenta as nascentes, hidrata o solo, recupera a umidade do ar, carrega prosperidade, fertilidade e renovação. Diminui a poeira que fica no ar, limpa a poluição, reduzindo as ocorrências de doenças respiratórias na população e é elemento essencial à natureza em seu ciclo de vida. Aguardamos, sempre, ansiosos que o período chuvoso reabasteça os reservatórios para que as cidades não sofram com o desabastecimento de água e com o temido aumento na conta de energia elétrica. Abençoada seja a chuva que vem mansa e constante, alimentando o solo.

Entretanto, nem tudo é calmaria no período chuvoso.  A intensidade e a constância da chuva podem trazer desastres e comprometimentos o ambiente urbano e rural, e para isso é necessário estarmos preparados. A chuva constante encharca o solo das encostas causando desabamento, levando tragédia às cidades e bloqueando estradas. Em grande volume, a chuva pode ocasionar enchentes nas cidades e o contato com essa água, que pode transportar o lixo, favorece a transmissão de doenças como a leptospirose, hepatite A. Já o acúmulo de água em áreas descuidadas, pode favorecer à proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue, zica e chikungunya.

Em centros urbanos, o volume alterado de chuva promove dificuldade de locomoção por transporte público, elevando o número de carros nas ruas e intensificando os engarrafamentos. Em dias chuvosos, o trânsito em algumas cidades pode se tornar caótico. E como se isso não bastasse, as chuvas fortes podemos trazer consigo o risco de vendavais, provocando quedas de árvores, removendo telhados e estruturas mais frágeis. Fechando esse pacote, ainda podemos considerar que, sendo o Brasil um dos países do mundo com maior incidência de raios, precisamos ter atenção e cuidado extra ao ficarmos em áreas abertas ou próximos a postes e torres elétricas. E não custa lembrar que as árvores não são bons abrigos para chuva, pois atraem fortemente os raios.

O cenário do período chuvosos pode ser ameaçador, mas é natural e necessário. Sendo assim é preciso que haja planejamento urbano, desde as pequenas cidades às grandes conturbações, para minimizar os seus efeitos, uma vez que “não chover” não é solução nem possibilidade. Alguns cuidados são simples, como a limpeza de bueiros, eficiência na coleta de lixo e limpeza dos rios. Outros são mais complexos e envolvem o planejamento estrutural das cidades, como o zoneamento e fiscalização de áreas impróprias para construção de habitações, estruturação de piscinões que acolham o maior volume de chuvas, bem como a reestruturação da captação pluviométrica. O cuidado permanente na cidade para a chegada do período chuvoso é dever do poder público, mas também da população, uma vez que o descarte incorreto do lixo é um dos principais problemas que comprometem a captação pluviométrica. Outra questão importante a ser considerada é a impermeabilização do solo nas áreas urbanas, o que torna a existência das áreas verdes também necessárias na redução dos efeitos colaterais das chuvas.

Quando o período chuvoso chega, não podemos deixar de lembrar a tragédia ocorrida na Região Serrana no ano de 2011, mostrando como é frágil nossa região, que é cercada de morros e encostas. E que dessa tragédia fique a lição da necessidade do planejamento urbano, da fiscalização das construções que abusam das encostas e da manutenção e preservação na vegetação nessas áreas. Mesmo que não possamos evitar alguns desastres trazidos pela chuva volumosa e além da média, podemos, com planejamento urbano e consciência ambiental, minimizar os efeitos trágicos.

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No entanto, apesar de todos os riscos, não podemos deixar de considerar que chuva é benéfica e totalmente necessária. É a chuva que ajuda na fertilidade do solo, reduz a poeira e minimiza os efeitos da poluição, ameniza e equilibra a temperatura, irriga as plantações, garante abastecimento de água para a população e os animais, mantém o nível dos reservatórios responsáveis pela produção energética. Devemos pensar na chuva como aliada, mas sempre fazendo nossa parte e analisando com respeito a sua ocorrência.

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