Crise faz com que fluminenses substituam carne bovina por salsicha
A combinação entre perda do poder aquisitivo, a inflação de produtos e o hábito de cozinhar em casa levou à maior demanda dos fluminenses por embutidos – em especial, as salsichas. A carne bovina tem sido substituída pela salsicha em todo o estado do Rio de Janeiro, é o que aponta a BRF – dona das marcas Sadia e Perdigão.
A BRF percebeu este aumento significativo da demanda e avançou na instalação de uma nova fábrica de salsichas, em Seropédica, região metropolitana do Rio de Janeiro. O empreendimento foi inaugurado em 18 de agosto, após investimentos de R$ 300 milhões. Ao todo, a fábrica vai gerar 400 empregos diretos até o início de 2022.
Do ponto de vista nutricional, os embutidos não são a melhor fonte de proteína: misturando carnes de diferentes tipos (bovina e suína, por exemplo), têm muitos conservantes, corantes e alto índice de sódio. Mas em meio à crise, linguiças e salsichas se tornaram uma opção mais barata de proteína do que a carne bovina para os fluminenses.
Consumo
Com a pandemia e a inflação, e após o constante aumento da carne bovina nos últimos 12 meses, além da salsicha, o frango também tem se tornado uma proteína de luxo para os brasileiros. De acordo com dados da Associação Paulista de Supermercados (Aspas), o frango ficou 40,44% mais caro no último ano. Os ovos também apresentaram alta, com crescimento de 20% no valor no mesmo período.
O Sudeste é um dos maiores mercados consumidores de salsichas do país. Segundo estudo da consultoria Kantar, citado pela BRF, a salsicha ocupou o quinto lugar em frequência de consumo dos brasileiros no primeiro semestre, ou seja, foi um dos cinco produtos mais comprados.
Desconfiança
Com todo esse aumento, os brasileiros foram obrigados a procurar outros ingredientes para complementar a alimentação da família: os embutidos. Mas se tem um ingrediente que costuma dividir opiniões, e gerar inseguranças, é justamente a salsicha, um dos preferidos da população. Mas será que ainda existe algum risco no consumo dessa iguaria?
A salsicha não é considerada um alimento, mas sim um produto alimentício ultraprocessado. Seu consumo elevado é muito relacionado a desencadear doenças, inclusive câncer. Por ser feita com subprodutos e ter alta durabilidade, seu preço é inferior ao preço de carnes, que estragam mais rápido e não têm aditivos.
A salsicha já foi considerada um dos principais transmissores de botulismo. Para se ter uma ideia, o nome da bactéria, Clostridium botulinum, vem do botulus, palavra em latim para salsicha. Hoje, porém, a percepção é mais positiva nesse aspecto. Sabe-se que a toxina liberada pela bactéria ocorre em locais com falta de oxigênio, sendo a maior incidência em conservas, ou enlatados, sem as devidas precauções.
Mesmo não contendo nenhum benefício para o corpo, se for muito ocasional, o consumo da salsicha não é tão problemático para a saúde. Nutricionistas do mundo explicam se for para comer salsicha, as de frango são mais indicadas pelo teor de gordura reduzido em relação às demais. Ao optar por consumir o produto, leia a lista dos ingredientes e escolha a versão com a menor quantidade de sódio, gordura saturada e colesterol.