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Produtores relatam ataques de onça ao rebanho em São Sebastião do Paraíba

Proprietários rurais de São Sebastião do Paraíba, quarto distrito de Cantagalo, relataram ataques de onça ao rebanho durante a noite na redondeza. Os ataques tem ocorrido tanto no distrito, quanto na localidade rural de Campo Alegre. Imagens enviadas ao Serra News, mostram um poutro que teve a cabeça e vísceras arrancadas pelo animal na última semana.

Segundo relatos de alguns proprietários dos rebanhos atacados, os mais vulneráveis aos ataques são os poutrinhos e bezerros, que acabam sendo mortos e têm partes de seus corpos comidos pela onça, principalmente as vísceras e cabeças.

Ainda segundo produtores rurais de São Sebastião do Paraíba, animais de maior porte como cavalos e bovinos também estão sofrendo ataques durante a noite, e são encontrados por seus donos com arranhões e cortes profundos, mas por serem maiores, possuem mais resistência e conseguem se defender.

Ataque de onça

Iago Guimarães, graduado em Gestão Ambiental e também diretor-geral do portal Serra News, disse que o caso pode ocorrer principalmente por um fator de desequilíbrio ecológico, uma vez que o habitat natural dos animais silvestres (as florestas) vem sendo destruído e cadeia alimentar consequentemente sendo quebrada. Apesar de não ser biólogo, mas por experiência no setor ambiental, ele diz que possivelmente trata-se de ataques de uma onça-parda.

“As grandes incidências dos ataques de onças ocorrem por causa de um desequilíbrio ecológico como desmatamentos e caça de animais silvestres, entre eles porcos-do-mato, capivaras e pacas, que são o prato predileto das onças. Neste caso, a caça infelizmente é ainda muito ativa nessas localidades, eliminando as presas prediletas da onça. Nota-se um desequilíbrio ambiental que vem ocorrendo de forma invisível e cabe as autoridades competentes planejarem um trabalho junto as comunidades”, disse ele ao redator Sebastião Paula.

Preservar é preciso

É possível que o ataque ao rebanho de produtores rurais seja de uma onça-parda. O predador sempre vai preferir áreas de mata fechada para capturar suas presas em vez de apostar em pastagens ou áreas abertas. Assim, se houver fartura nas matas, dificilmente elas farão ataques ao rebanho. Por outro lado, a escassez em ambientes naturais motiva o animal a procurar meios de sobrevivência nas fazendas.

Onça-parda
Onça-parda – Foto: Divulgação / Sputnik Brasil

A área territorial de São Sebastião do Paraíba, distrito de Cantagalo, é muito degradada, tendo o outro lado do Rio Paraíba do Sul – já em Minas Gerais – uma abrangência maior de área de mata nativa intacta. Ou seja, a área territorial em específico, é de vasto pastoreio, que oferece mais rebanhos e menos florestas fechadas.

A nossa região está muito devastada com poucas matas nativas e consequentemente poucos alimentos p os animais silvestres que acabam saindo em pastos abertos e até mesmo próximos a residências a procura de alimento. Quando ocorrem ataques à criação, é necessário buscar ações para minimizar o conflito do homem com a onça. Esse conflito, muitas vezes, resulta na morte da onça.

Desde 1967, no entanto, matar animais silvestres no Brasil é crime. E quando se trata de espécies ameaçadas de extinção, as sanções são ainda mais pesadas. Assim, é preciso implementar um conjunto de ações para minimizar o risco de a onça pegar os animais de produção. Abaixo nós vamos deixar quatro formas de evitar ataques de onça ao rebanho.

Formas de evitar ataque de onça ao rebanho

1. Instale cercas eletrificadas

A cerca elétrica protege a fazenda contra a invasão do predador. Quando a onça vai atacar, ela caminha abaixada e toma o choque, afastando-se de onde o rebanho está dormindo. Geralmente, a onça tem hábito noturno, então, esse é o momento principal que se tenta proteger os animais do rebanho.

2. Promova o aumento de presas silvestres para a onça

Se não houver alimento na mata para a onça, ela vai procurar na propriedade. Então, é preciso garantir a abundância as presas naturais. Isso é feito respeitando a fauna nativa e preservando seu habitat. Além disso, a construção de reservatórios de água dentro da mata também contribui para a concentração de animais silvestres na mata.

3. Insira búfalos no manejo rotacionado

Os búfalos são animais mais rústicos, resistentes e fortes, explica Guilherme, que se adaptam a locais de difícil acesso, como próximo a rios e matas ciliares, onde a onça gosta de caçar. Além disso, o comportamento desses animais frente ao ataque de onças é diferente da reação de bois e vacas. Ao sofrer um ataque, o gado costuma correr e deixar o bezerro. Já entre os búfalos, as fêmeas fazem um círculo em volta dos mais jovens enquanto o macho enfrenta o predador diretamente.

4. Aprimore o manejo do gado

Algumas decisões de manejo podem fazer muita diferença nas ocorrências de ataque de onça ao rebanho:

  • insira animais mais erados, ou adultos, já que os mais jovens são os principais alvos dos ataques;
  • não permita que o gado fique fraco, pois se tornam mais vulneráveis a ataques;
  • nunca deixe as vacas amojarem em invernadas próximas a matas, pois são presas fáceis para as onças;
  • concentre os nascimentos em determinada época para facilitar o trabalho dos peões no cuidado com os bezerros;
  • modifique a cria por recria em locais de grande quantidade de ataques;
  • enterre as carcaças de animais rapidamente, pois o cheiro atrai predadores.

Prevenção

Os humanos precisam aprender a conviver com outros seres viventes sem destrui-los. É importante que as pessoas evitem andar sozinhas nas localidades de aparição das onças, principalmente no período da noite. Evitem deixar crianças desacompanhadas. Luzes acesas do lado fora da residência ajudam a afugentá-las.

Se encontrar uma onça, é importante manter a calma e se afastar lentamente, sem dar as costas e nem se abaixar. Caso ela comece a se aproximar, é possível levantar os braços e fazer barulhos bem altos, para parecer maior e tentar assustá-la. Se estiver dentro de um veículo, feche as janelas e espere o animal ir embora sozinho. É importante ressaltar que são raros os casos de ataques de onças.

Convivência

A convivência do pecuarista com o predador é inteiramente possível quando observados os devidos limites. Ao adotar as melhores práticas de manejo, o produtor consegue evitar o ataque de onça ao rebanho e reduzir ou mesmo impedir perdas em sua fazenda.

E fica aqui o pedido em nome do portal Serra News e também da população, que não abatem esses animais que também são importantes para a cadeia alimentar e para o equilíbrio ecológico. Caso algum morador veja uma onça-parda ou qualquer animal deste tipo, entre em contato com a Polícia Florestal para informar a aparição desse animal na sua localidade. Vamos preservar a fauna e a flora. A natureza agradece!

Importância da onça-parda

Segundo o Instituto Estadual do Ambiente – INEA, a importância da preservação da onça-parda – segundo maior felino do Brasil – se dá pelo fato de se alimentarem de uma grande variedade de animais menores controlando, assim, suas populações e contribuindo para a manutenção e equilíbrio das florestas. Segundo a lei 9605/98 matar, caçar, perseguir e maltratar qualquer espécie de animal silvestre é crime ambiental, sujeito a multa e detenção.

Ainda de acordo com o Inea, a aproximação desses animais silvestres, incluindo as onças, ocorre devido à busca por abrigo e comida, reflexo do desmatamento e a ocupação de áreas próximas às florestas provocando, assim, a perda do habitat natural dos animais e também à caça de presas naturais, como pacas, cutias e quatis, contribuindo para a escassez de alimentos.

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