Há doze anos, chuva devastava a Região Serrana na tragédia climática de 2011
Na noite de 11 de janeiro de 2011, há exatos 12 anos, a Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro era devastada pela chuva que culminou na tragédia climática de 2011. Foi a maior catástrofe ambiental do Brasil causada por fatores climáticos, somando mais de 900 mortes contabilizadas oficialmente, perdas irreparáveis e milhares de famílias devastadas.
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Em todo mês de janeiro, a lembrança da tragédia de 2011 é inevitável e as chuvas de verão na Região Serrana do Rio de Janeiro causam medo a boa parte da comunidade. O trauma ainda é notório. Mas o que explica o dilúvio que se abateu sobre Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Itaipava, entre outros, em janeiro de 2011?
Levantar um mapa preciso para a tragédia climática de 2011 é praticamente inviável. Na maioria das localidades vitimadas, moradores e veranistas dormiam. Quem se salvou não teve tempo de olhar o relógio. Com pequenas diferenças de horário, regiões relativamente distantes entre si foram atingidas por chuvas pesadas, deslizamentos de lama e rios que enchiam rapidamente.
A filial friburguense da Cruz Vermelha Brasileira surgiu de forma espontânea, logo após a tragédia climática de 2011 da Região Serrana, quando cerca de 150 voluntários treinados vieram de todo o Brasil e até mesmo do exterior para atuar no socorro às vítimas. Na época, arregimentaram rapidamente os braços disponíveis: nas igrejas, associações de moradores, jipeiros, motociclistas, entre outros.
A tragédia de 2011 na Região Serrana foi causada por um fenômeno raro que combina fortes chuvas com condições geológicas específicas da região. Porém, ela foi agravada pela ocupação irregular do solo e a falta de infraestrutura adequada para enfrentar o problema, que se repete todos os anos. Até hoje, a população reclama com razão, pois pouquíssimas ações preventivas foram realizadas pelas autoridades competentes na cidade.
O número de vítimas superou o registrado em Caraguatatuba, em 1967. Na época, tempestades e deslizamentos de terra mataram 436 pessoas na cidade do litoral norte de São Paulo. Nesse mesmo ano, uma enchente deixou vários mortos no Rio de Janeiro.
Tragédia climática de 2011
Entre a noite do dia 11 de janeiro de 2011 e a madrugada do dia 12, uma enxurrada de toneladas de lama, pedras, árvores e detritos desceu da montanha arrastando tudo pelo caminho. Os rios se encheram rapidamente, inundando as cidades e instaurando um verdadeiro caos.
A destruição foi maior nas cidades Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, que contabilizam o maior número de mortos. Ruas foram cobertas por um mar de lama, com corpos espalhados, casas destruídas e carros empilhados. Pois a queda de pontes em rodovias deixou cidades isoladas, e os moradores ficaram sem luz, água e telefone.
Em Nova Friburgo, o rio subiu mais de cinco metros de altura e a enchente derrubou casas. Em Teresópolis, o cenário era devastador. Condomínios, chácaras, pousadas e hotéis de luxo foram arrasados pelas avalanches de terra.
A estrutura de atendimento às vítimas entrou em colapso. O IML (Instituto Médico Legal) e os cemitérios ficaram lotados. Parentes das vítimas tiveram que fazer enterros às pressas em covas rasas. A tragédia climática de 2011 da Região Serrana foi a maior do Brasil.
Número de mortos distorcido
O número de vítimas, entre mortos e desaparecidos, da maior tragédia na Região Serrana do Rio, em 2011, pode ser superior ao registrado na época. Segundo o Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) de Petrópolis e associações das vítimas, entre outras entidades de Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis, cerca de 10 mil pessoas podem ter morrido ou desaparecido nas chuvas naquele ano.
Os dados oficiais do Governo do Estado apontam 918 mortos, e o Ministério Público Estadual, 200 desaparecidos. Mas a suposta subnotificação de mortes foi identificada através de relatos de pessoas que moravam nas áreas atingidas e que não conseguiram oficializar a perda de parentes.
Além do relato de parentes, as entidades levam em conta a divergência entre o número computado de mortos em determinadas localidades e a quantidade de “relógios de luz” que havia nestes locais, segundo a própria concessionária de energia elétrica, na época Ampla. Para as entidades, os relógios de luz nos locais evidenciam que mais pessoas viviam nas regiões que foram completamente devastadas, como é o caso do bairro Córrego D’antas, em Nova Friburgo.
Estamos preparados?
Desde 2011, diversas ações foram realizadas nas cidades atingidas. Obras de contenção e recuperação de encostas, mapeamento de áreas de risco, ampliação das estruturas de monitoramento do clima, instalação de sirenes, criação de pontos de apoio, de níveis de alerta e do envio de SMS comunicando às populações sobre perigos, entre outras medidas.
Os governos federal e estadual responderam também com legislações que levaram os municípios a elaborarem cartas de risco. Porém, ainda não há conhecimento aprofundado sobre a superfície dos terrenos. Portanto, estamos muito aquém de uma preparação adequada para evitar um desastre em decorrência de variações climáticas, com chuvas pesadas. Como prevenção, é fundamental que sejam desenvolvidas metodologias de referência que orientem os procedimentos para a redução dos desastres em regiões mais suscetíveis, como as montanhosas.
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