Neste mês de setembro comemoramos, no dia 05, o Dia da Amazônia, para evidenciar a importância, beleza e biodiversidade desse bioma. Mas por que esse dia? Essa data foi escolhida por marcar a data de criação da Província do Amazonas, criada por D. Pedro II, em 1850.
Podemos abordar a importância da Amazônia a partir de diferentes questões e pontos de vista. Vamos escolher alguns, entre tantos, para discutirmos aqui. Comecemos pelo papel que a Floresta Amazônica tem no clima, não apenas local ou regional, mas em todo Brasil e no mundo. Umas das principais características para que ela se torne uma reguladora do clima é sua capacidade de manter a umidade, mesmo a quilômetros de distância. Isso se deve ao papel preponderante da grande massa das árvores, através da evapotranspiração (perda de água de uma comunidade ou ecossistema para a atmosfera, causada pela evaporação a partir do solo e pela transpiração das plantas). Para nós este fato pode resultar em regimes de chuvas que atravessam o continente e chegam até o sudeste, trazidas por correntes de ar. Muitos dizem erroneamente que a Amazônia é o pulmão do mundo. Para manter a ideia de analogia, mais correto seria considerá-la como um termostato ou ar condicionado.
A Amazônia mantém sua diversidade, exuberância e fertilidade devido ao que chamamos de rugosidade da copa das árvores, que freiam os ventos, amenizam as chuvas torrenciais, evitando eventos extremos. Causando assim chuvas de fertilidade, que são moderadas e auxiliam na manutenção da biodiversidade. Esse é um exemplo clássico de auto regulação de um ecossistema em equilíbrio. E assim podemos pensar em um problema básico decorrente da remoção da cobertura vegetal arbórea da Amazônia: as chuvas, inclementes, atingem diretamente o solo, que é lavado e empobrecido de nutrientes, que passam a ser carreados pela chuva que percola o solo desprotegido. Deixando ainda mais claro: o solo da Amazônia só é fértil na presença da floresta. Sem ela, o risco de desertificação é certo.
Outro aspecto importante é a biodiversidade. Acredita-se que apenas 10% dessa biodiversidade é conhecida. A floresta ainda se apresenta como um grande celeiro de novas descobertas vegetais e animais, além de ser reservatório de incontáveis microrganismos. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), existem cerca de 40 mil espécies de plantas, 300 espécies de mamíferos e 1,3 mil espécies de aves, sendo a maior reserva de biodiversidade do planeta. É lar da famosa onça-pintada, galo-da-serra, do nosso boto e do famoso guaraná e açaí, entre outros milhares. Vale destacar o potencia medicinal dessa biodiversidade, o que torna imperativo os investimentos em pesquisa por parte das instituições nacionais, garantindo nossa soberania no que se refere às possíveis, e não tão futuras, disputas em patente de medicamentos, cosméticos e até alimentos.
E o que falar sobre a água? A bacia amazônica é responsável por um quinto da água doce que deságua nos oceanos e possui o maior rio do mundo tanto em extensão territorial quanto em volume de água, com 6 992 quilômetros e caudal médio de 209 000 m³/s. Como todos sabemos que água é vida, é desnecessário tecer mais comentários.
Embora a maior parte do território do bioma amazônico esteja em território brasileiro, outros oito países também se inserem nesse contexto: Peru, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Guiana, Suriname, Equador e Guiana Francesa A Floresta Amazônica é, portanto, a maior floresta tropical do mundo com um total de 5,5 milhões de km² de extensão.
Infelizmente o bioma da Amazônia sofre constante ameaça por ações como queimadas, desmatamentos, garimpos, assentamento irregulares, além de ataques às instituições reguladoras, fiscalizadores e de pesquisa que lidam jurídica e cientificamente como diferentes aspectos do bioma. Todos nós perdemos com essas desregradas ações, não apenas a biodiversidade (que, apesar de não parecer, é frágil e apresenta espécies restritas a esse bioma). O que é fundamental compreender em termos econômicos é que o valor da Amazônia é tanto maior quanto for a sua preservação. Sua exploração irresponsável e desmedida atente a interesse de grupos restritos e de imediatismo econômico.
O que discutimos aqui é só um pouco sobre a Floresta Amazônica e sua importância para podemos ter um olhar mais crítico sobre as questões envolvidas. Queria poder continuar discutindo a respeito desse bioma incrível, mas isso levaria uma vida inteira – e não seria suficiente – pois sua história é rica e bastante detalhada.