Nesta segunda-feira (14), pesquisadores da Royal Astronomical Society, no Reino Unido, anunciaram ter detectado potenciais sinais de vida em Vênus. O estudo, publicado na Nature Astronomy, indica a presença de fontes significativas de fosfina na atmosfera do planeta, um dos objetos mais brilhantes do céu noturno.
A fosfina é um gás incolor e inodoro que, na Terra, surge como resultado da decomposição de matéria orgânica, sendo produzido por micróbios anaeróbicos (que não necessitam de oxigênio) ou por meio de processos industriais.
Como não há indústrias em Vênus, os astrônomos formularam duas hipóteses para a alta concentração de fosfina nas nuvens venusianas (20 partes por bilhão). Uma delas é a possibilidade de haver alguma reação química completamente desconhecida pela ciência, criando a substância por lá. A outra, “mais empolgante”, é a presença de organismos vivos produzindo o gás.
O elemento químico foi detectado em 2016 pela equipe da professora da Universidade de Cardiff Jane Greaves, usando o telescópio James Clerk Maxwell, no Havaí, enquanto buscava sinais de moléculas. No ano passado, os pesquisadores usaram o Atacama Large Millimeter Array (ALMA), mais potente, localizado no Chile, para confirmar a descoberta.
“Descoberta surpreendente e inesperada”
Até agora, Vênus não fazia parte da lista dos planetas mais prováveis de abrigar vida. Temperaturas em torno de 800 graus e nuvens carregadas de ácido sulfúrico, que bloqueiam a maior parte da luz do Sol, dificultam a existência de vida como a conhecemos — nem mesmo as sondas enviadas até lá conseguiram resistir por muito tempo às condições hostis.
Por isso, a detecção da fosfina em Vênus foi considerada uma “descoberta surpreendente e inesperada”, segundo Greaves, que aponta a atmosfera do planeta como um ambiente mais propício para a sobrevivência de vida microbiana, ao contrário da superfície.
Os pesquisadores esperam que a novidade motive o lançamento de missões a Vênus, para esclarecer melhor este mistério.