A varíola bovina – uma doença caracterizada pelo aparecimento de lesões cutâneas nos tetos das vacas – está surgindo novamente na zona rural do município de Cantagalo, na Região Serrana do Rio. Os surtos causados pela afecção afetam bovinos e os homens, resultando em expressivas perdas econômicas para os produtores. Os casos foram registrados nos distritos de Boa Sorte e São Sebastião do Paraíba, infectando produtores rurais.
A transmissão dessas enfermidades entre os animais ocorre principalmente através das mãos dos ordenhadores ou equipamentos de ordenha mecânica, e a penetração dos vírus se dá por soluções de continuidade em lesões preexistentes nos tetos das vacas. A doença também pode ser transmitida dos animais aos seres humanos, que se infectam por meio do contato com as lesões presentes nos tetos dos animais.
No Brasil, pesquisadores registraram esse tipo de enfermidade de ocorrência esporádica, principalmente, nas décadas de 50 a 70, nos estados da região Sudeste. Mas desde o final da década de 90, têm-se registrado vários casos de varíola bovina em diferentes regiões do país, como no Vale do Paraíba (SP), no município de Cantagalo (RJ) e no Mato Grosso do Sul.
Pesquisadores que trabalham nesta área têm observado um aumento alarmante da ocorrência de surtos de varíola bovina em diferentes estados brasileiros, especialmente na região sudeste. Esta enfermidade não se trata de uma doença complexa, que necessite de um tratamento caro e um acompanhamento severo.
Pelo contrário, a varíola bovina é uma doença autolimitante, os surtos são rápidos e o manejo preventivo é relativamente simples. Possivelmente, este é um dos motivos para a sua disseminação pelo país. O pequeno destaque atribuído para a doença nos meios de comunicação com os veterinários e produtores, talvez pelo seu caráter simples, contribui para a falta de informação, retardando o diagnóstico e a implementação das medidas de controle da doença.
Características
Para facilitar o diagnóstico é importante divulgar as características básicas da lesão (figura 1) que tem início com pequena pápula de 2 a 3 mm de diâmetro, seguida de formação de crostas e disseminação circular. Com cerca de 10 dias apresenta aspecto crostoso em forma de anel, dentro de 20 dias ocorre a cicatrização.
Ocasionalmente, as lesões podem acometer a região medial da coxa e o escroto (no macho). Os bezerros também podem ser afetados, apresentando lesões na mucosa oral. Uma pessoa que tenha manipulado animais infectados com as vesículas pode contrair a doença, apresentando vesículas e lesões semelhantes às descritas para os bovinos, localizadas nas mãos e antebraço. As pessoas infectadas podem também apresentar dor de cabeça, dor nas costas e febre.
A transmissão ocorre principalmente durante a ordenha, podendo ser veiculada tanto em ordenha manual como em ordenha mecânica. Para a instalação do vírus é necessário que a pele do animal esteja com pequenos cortes ou pequenas lesões que permitam a entrada do vírus.
Medidas de controle:
- ordenhar os animais acometidos no final da ordenha;
- separar os animais acometidos;
- os ordenhadores devem utilizar luvas de borracha;
- maior esforço para que a rotina de ordenha seja higiênica e organizada;
- utilizar um pré e pós-dipping de boa qualidade e que auxilie a manter a integridade do tecido do teto;
- o ordenhador deve procurar manter as mãos sempre limpas;
- ênfase na limpeza do equipamento de ordenha e no material utilizado durante a ordenha;
- inspeção rigorosa dos animais que são introduzidos no rebanho;
- controlar roedores (possivelmente o transmissor do vírus).