O caramujo gigante africano (Achatina fulica) é resistente a períodos de seca, além de ser bastante ativo e comum no período de inverno. Muitos moradores da Região Serrana do Rio ficam preocupados com a infestação desse molusco de água doce, pois os vermes dessa espécie de caramujo causam dor e hemorragia abdominal, febre, vômito, perfuram o intestino e afetam até o sistema nervoso.
O caramujo gigante africano é um molusco grande e escuro, com até 15 cm de comprimento e 200 gramas de peso. Sua concha é alongada e cônica, com manchas claras. Ele não deve ser confundido com os moluscos brasileiros, os nativos aruás-do-mato (Megalobulimus sp) que têm importante papel ecológico, além de servirem de alimento e como matéria prima no artesanato. Eles têm a borda da abertura da concha espessa, enquanto que o caramujo africano tem essa borda cortante.
Ao se depararem com a infestação do caramujo africano, as pessoas logo pensam em venenos para controlá-los. Infelizmente os caracóis e lesmas em geral são muito resistentes a venenos, sendo o último recurso para combate-los.
Vamos ensinar abaixo algumas dicas para o combate desse molusco:
1. O controle do caramujo-africano consiste na catação e destruição dos caramujos. Jamais coloque-os no lixo, pois estará disseminando o problema. Também não coloque sal nos animais pois assim contaminará o solo.
2. Utilize luvas descartáveis ou mesmo uma sacola nas mãos para recolher os animais. Coloque os caramujos em dois sacos plásticos e quebre suas conchas pisando em cima. Enterre-os em valas com pelo menos 80 cm de profundidade, longe de cisternas, poços artesianos ou do lençol freático. Aplique cal virgem em cima dos caramujos quebrados. Feche a vala com terra. Retire as luvas e lave muito bem as mãos após isso.
3. Jogar água fervente também é uma opção, mas o procedimento deve ser realizado com segurança. Outra opção é recolher os animais adequadamente e colocá-los em uma solução contendo água, cloro e sal. Para cada litro de água, deve-se dissolver 5 colheres de sal e 5 colheres de cloro.
4. É possível também utilizar iscas atrativas, que facilitam a catação. Papas de farelo de trigo com cerveja atraem caramujos a metros de distância. Cascas de frutas e legumes, estopas embebidas em cerveja ou leite, assim como simples pedaços podres de madeira que lhes servem de abrigo. Verifique as iscas diariamente e não esqueça de protegê-las da chuva e do sol. Coloque-as em locais úmidos e frescos.
5. É recomendada a higienização de verduras, legumes e frutas, pois o caramujo-gigante-africano pode ser consumido inadvertidamente junto às hortaliças frescas, devido às formas jovens dos caracóis serem pequenas, transparentes e de difícil visualização. Estes alimentos devem ser lavados em água corrente e deixados de molho por 30 minutos em solução de hipoclorito de sódio a 1% (uma colher de água sanitária diluído em um litro de água filtrada), caso seja feito o consumo dos alimentos in natura.
6. A limpeza de terrenos e eliminação de entulhos, lixos, restos de culturas, folhas amontoadas, plantas hospedeiras ou qualquer material ou substrato que possa servir de esconderijo para o caracol-gigante-africano é outra forma de combate. Este controle deve ser realizado de forma periódica ou sempre que forem localizados outros caramujos.
Observação: Nem todo caramujo ou caracol que encontramos no Brasil é uma praga ou causador de doenças; existem muitas espécies nativas que possuem funções importantes no ecossistema. Por isso, antes de eliminar os caramujos de seu quintal, certifique-se de que se trata mesmo do caramujo gigante africano.
Por Iago Guimarães