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Ansiedade, abuso de álcool, suicídios: saúde mental na era coronavírus

Ansiedade, abuso de álcool, suicídios: saúde mental na era coronavírus

Sete meses após a descoberta da covid-19, diferentes países se deparam com um problema que costuma ficar à margem dos debates sobre epidemias e grandes crises econômicas: os impactos à saúde mental. Porém, o assunto já era negligenciado antes que o coronavírus se tornasse uma preocupação mundial.

Um estudo publicado na revista científica britânica The Lancet, em 2018, mostrou que 13,5 milhões de vidas poderiam ser salvas por ano com aprimoramentos nas políticas de saúde mental. Em quase todas as regiões analisadas, os serviços prestados eram mais precários do que daqueles voltados à saúde física.

Um levantamento realizado na China, na fase inicial da pandemia, mostrou que 13,8% das pessoas passaram a manifestar sintomas depressivos leves, 12,2% apresentaram sintomas moderados e 4,3%, graves.

Nos Estados Unidos, um canal de emergência oferecido pelo governo para pessoas com sofrimento emocional registrou um aumento de 1.000% nas ocorrências em abril, segundo o jornal Washington Post, em comparação com o mesmo mês do ano passado.

O Serra News decidiu abordar esse tema justamente porque em algumas cidades da Região Serrana do Rio, muitas pessoas tem tirado a própria vida nessa pandemia da Covid-19. Em Cantagalo, uma cidade com cerca de 20 mil habitantes, três pessoas tiraram a própria vida somente no mês de junho.

Consumo de álcool

O aumento global na venda de bebidas alcoólicas durante a quarentena sintetizou a preocupação quanto a saúde mental das pessoas. No Brasil, dados publicados pela Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead) em maio apontaram um crescimento de 38%.

Estudos [em diferentes países] apontam que 40% das pessoas estão bebendo menos do que antes da covid-19. Outros 40%, em média, não percebem mudanças no seu consumo de álcool durante o período de isolamento. Isso significa que os 20% que relatam beber mais durante o lockdown são responsáveis, sozinhos, pelo aumento global nas vendas de álcool.

O afastamento dos amigos e da família e as mudanças de rotina geralmente são temporários, por conta da pandemia, mas a ciência não descarta danos a médio e longo prazo.

Entenda e Previna

  • Por que o período de quarentena interfere tanto no emocional das pessoas?

São múltiplos fatores: a questão do isolamento social, o medo do contágio, a apreensão financeira com base no quadro econômico do país, desânimo, tédio, sem falar que agora temos finalmente o tempo suficiente para pensar em nós e nas relações familiares, aumentada em 100% quanto à convivência, em certos casos.

  • Por que isso pode levar ao suicídio?

O funcionamento mental motivador da ideação suicida possui três bases fundamentais: inescapável (sem saída), intolerável (não suportar) e interminável (sem fim). Estes três sentimentos permeiam a mente de alguém que já possui alguma predisposição à psicopatologia, amplificada pelo isolamento social, a solidão e as dificuldades familiares, as quais são colocadas à mostra na maioria dos lares neste momento restritivo. Infelizmente, muitos destes acreditam que tirar a própria vida é a única maneira de escapar desta situação, sair do palco da vida pelos bastidores, mas com isto deixam de ver o depois, o melhor que está por vir.

  • O que fazer pra evitar que as pessoas fiquem tão abaladas?

Primeiramente incutir na mente que isso também passará. A ciência está se debruçando intensivamente no encontro da solução da pandemia. Confiar é preciso. Segundo, viver um dia de cada vez. Evitar o excesso de informações. Se dê um ou dois dias sem noticiários, não dê demasiada atenção ao negativismo das postagens das mídias sociais. Busque o positivo, as coisas boas que estão acontecendo. Se tudo isso ainda não for suficiente, buscar ajuda. Muitos terapeutas estão atendendo online, por telefone, alguns deles até gratuitamente. Ligue para um amigo, parente com mais afinidade. Busque também o CVV, por meio do 188. A solidariedade vai vencer este momento e teremos seres humanos melhores para o mundo que virá na sequência.

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