A bancada bolsonarista na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) protocolou, na manhã desta quarta-feira (27/05), um novo pedido de impeachment contra Wilson Witzel (PSC), desta vez fundamentado por informações reveladas pela Operação Placebo da Polícia Federal. Os deputados Doutor Serginho, Anderson Moraes, Alana Passos, Márcio Gualberto, Renato Zaca e Coronel Salema assinam o documento.
Existem cinco pedidos de impedimento de Witzel nas mãos da mesa diretora da Alerj e, nos bastidores, há entendimento de que eles serão aglutinados ou um deles seguirá para o plenário. Embora tenha evitado comentar, o presidente da Casa, André Ceciliano, afirmou que, diante das denúncias, a Assembleia “não ficará inerte”.
Nesta terça-feira, o governador foi alvo de pedido de busca e apreensão para apurar indícios de desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência em razão da pandemia do novo coronavírus.
“O próprio ministro Benedito Gonçalves, do STJ, reconheceu que há indícios robustos de fraudes e de que o governador Wilson Witzel está envolvido. É isso é crime, a Alerj precisa agir e peço que o presidente André Ceciliano coloque o pedido em votação o mais rápido possível”, pede Alana Passos (PSL).
Ex-líder do PSL, Dr. Serginho defende que o governador não possui condições morais e políticas para permanecer à frente do Executivo: “Os fatos apontados pelo Ministério Público são gravíssimos. A prática de crimes cometidos pelo governo estadual faz ser necessário o imediato afastamento de Wilson Witzel. Ele não possui condições morais e políticas para permanecer à frente do Executivo”, afirma Dr. Serginho.
A operação da Polícia Federal teve como um dos alvo a organização social (OS) Iabas, responsável pela construção dos hospitais de campanha – dos sete previstos, apenas dois foram entregues. Inicialmente, o contrato foi de R$ 836 milhões, mas depois o governo reduziu 100 leitos e passou para R$ 770 milhões em aditivo. Um dos primeiros a apontar os indícios de irregularidades no contrato, com representações ao Tribunal de Contas do Estado (TEC-RJ), o deputado Anderson Moraes reforçou que o afastamento é necessário diante de tantas evidências.
“Temos investigado, levantado contratos e visto, nas vistorias dos hospitais, que as irregularidades são gritantes. E essa roubalheira do dinheiro público, em um momento grave de pandemia, tem custado muitas vidas. É obrigação moral afastar o Witzel”, diz Anderson Moraes.
Para Filippe Poubel, já existem elementos mais do que suficientes para dar seguimento ao processo de impeachment.
“É muito triste ver o nosso estado do Rio de Janeiro passar por tantos escândalos de corrupção. Roubalheira generalizada, descarada, durante essa pandemia, com total conhecimento do governador Witzel, haja visto tudo que já foi noticiado e denunciado aos órgãos competentes. O impeachment é questão de justiça!”, afirma Filippe Poubel.
Escutas ilegais
Em fevereiro, Doutor Serginho, Anderson Moraes, Alana Passos, Márcio Gualberto e Renato Zaca haviam protocolado um pedido de impeachment por conta das suspeitas de uso de grampos ilegais para a elaboração de dossiês contra parlamentares da Casa Legislativa. O caso envolvendo supostos grampos e dossiês também é um dos inquéritos que corre contra Witzel no Superior Tribunal de Justiça.