Nessa semana comemoramos o Dia Nacional da Caatinga (28/04), bioma encontrado apenas no Brasil e que é a região semiárida com maior biodiversidade do mundo. Situado no chamado de sertão nordestino, é a nossa riqueza.
Apenas 7,5% da Caatinga está protegida, apesar de ser o bioma mais sensível do Brasil, seja por interferência humana ou mudanças climáticas globais. Sabemos que é um bioma altamente ameaçado, por ações de desmatamento, com mais de 50% de sua área de ocorrência degradada. Sua área compreende 10% do território brasileiro com aproximadamente 740.000 km2. Em contraste com a degradação, a biodiversidade é significativa uma área bem preservada, chega a abrigar 200 espécies de formigas, por exemplo.
Apesar de ser uma região árida, metade da bacia do rio São Francisco está situado na Caatinga, e o desenvolvimento regional estabelece novas relações e desafios com esse bioma. O trabalho de restauração tem como fator limitante a escassez de água e o desgaste do solo degradado. Mas é importante ressaltar que sua conservação é importante para a manutenção do clima, o regime de chuvas, a disponibilidade de água potável e de solos agricultáveis ou não, e da garantia da diversidade da flora e todos os produtos que delas provem.
O bioma mais sensível do Brasil é rico em espécies animais dos quais há estudos que apontam aproximadamente 327 espécies endêmicas, ou seja, que só existem neste local. Estima-se que são típicos da caatinga 13 espécies de mamíferos, 23 de lagartos, 20 de peixes e 15 de aves.
Alguns animais que podemos encontrar nesse bioma são:
- Veado-catingueiro (Mazama gouazoubira)
- Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus)
- Sagui-de-tufos-brancos (Callithrix jacchus)
- Rapazinho-dos-velhos (Nystalus maculatus)
- Soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni)
- Preguiça-de-chifres (Stenocercus sp. n.) – lagarto
- Periquito-da-caatinga (Eupsittulacactorum)
- Perereca-de-capacete (Corythomantis greeningi)
- Onça-parda (Puma concolor)
- Mão-pelada (Procyon cancrivorus)
- Macaco-prego (Sapajus libidinosus)
- Jiboia-constritora (Boa constrictor)
- Jaó-do-sul (Crypturellus noctivagus)
- Gralha-cancã (Cyanocorax cyanopogon)
- Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris)
- Cutia (Dasyprocta Aguti)
- Corrupião (Icterus jamacaii)
- Carcará (Caracara plancus)
- Calango-de-cauda-verde (Ameivula venetacaudus)
- Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous)
- Azulão (Cyanocompsa brissonii)
- Asa-branca (Patagioenas picazuro)
- Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)
- Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari)
- Águia-chilena (Geranoaetus melanoleucus)
De todos esses animais, existe um que se tornou símbolo da caatinga, a pomba asa branca, que é fortemente representada em músicas e poemas, porque anuncia a esperança no sertão. Como essa espécie tem ampla distribuição geográfica, também podemos encontra-la em nossa região.
A respeito de sua fauna, podemos citar inúmeros tipos de cactos, destacando o cabeça de frade, mandacaru (o mais famoso) e a palma (de onde se pode retirar água). Mas a Caatinga também apresenta uma incrível diversidade de árvores,comoespécies como:
- Quixaba (Sideroxylon Obtusifolium)
- Umbuzeiro (Spondias tuberosa)
- Jurema branca (Piptadenia stipulacea)
- Juazeiro (Ziziphus joazeiro)
- Ipê roxo (Tabebuia impetiginosa Mart)
- Cumaru (Amburana cearensis)
- Catingueira (Caesalpinia pyramidalis)
- Carnaúba (Copernicia prunifera)
- Barriguda (Ceiba glaziovii)
- Aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius Raddi)
- Angico (Anadenanthera colubrina)
Muitos pensam que por ser uma região árida, não exista tamanha diversidade biológica, ainda mais com árvores de portes elevados. Isso torna o ambiente realmente único com muito potencial natural a ser estudado e conscientemente explorado sem ameaça à sua preservação, como no caso crescente de birdwhatching – que é a observação de aves.
Reconhecendo esse bioma, mesmo que um pouco distante de nós, percebemos a sua importância no contexto da diversidade do nosso país. Podemos a partir desse olhar de interesse e reconhecimento, descobrir suas particularidades e promover a sua preservação..