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Sociedade Musical XV de Novembro comemora 108 anos em Cantagalo

Neste feriado nacional da Proclamação da República, a Sociedade Musical XV de Novembro completa seus 108 anos de história. Para celebrar esta importante data, aconteceu às 6h uma alvorada pelas ruas do centro da cidade e às 18h acontece uma apresentação na Praça da Matriz.

História

Compreende a história, que até o início do século XX, havia no município de Cantagalo duas bandas de música: a Flor de Maio e a 7 de Setembro. Ambas as bandas eram políticas e, embora houvesse muita rivalidade entre as duas, apresentavam excelência em qualidade musical. A 7 de Setembro pertencia ao grupo político de Dr. Honório Pacheco, que, segundo contam, era um político temperamental e indômito. Já a Flor de Maio era do partido de Dr. Júlio Santos, político completamente diferente do seu adversário, e passava calma e ponderamento.

Segundo relatos, havia uma pequena superioridade para a banda Flor de Maio, que reunia maior simpatia popular. Contam os mais antigos que, em dias de retretas da Flor de Maio, as moças da sua torcida vestiam roupas azul e branco e, nos dias da 7 de Setembro, as moças, suas simpatizantes, vestiam roupas verde e amarelo. Era uma época em que bandas na praça nos finais de semana eram programas indispensáveis. Até que, no período de 1913 e 1914, aconteceu uma verdadeira decadência das duas bandas, que encerraram, definitivamente, suas atividades, embora houvesse um grande grupo de músicos que não se conformaram com aquela situação.

SOCIEDADE MUSICAL XV DE NOVEMBRO DE CANTAGALO
Foto: Arquivo 2014 / Sociedade Musical XV de Novembro passando em frente à Prefeitura de Cantagalo

Numa bela manhã de 15 de novembro de 1914, encabeçados por Edimo Ferreira da Silva, Horácio Araújo, Isolino Alves, Joaquim Pinto Gomes, Alfredo Teixeira Torres, Paulo Keller, entre outros amantes da música, após uma reunião num bar da cidade, sob a liderança de Guilherme Sauerbronn, um alemão que morava em Cantagalo e era proprietário de uma fábrica de cervejas, estava fundada a Sociedade Musical XV de Novembro, nome escolhido pelo grupo em alusão à data cívica.

No mesmo encontro, foi escolhido para maestro o músico Domingos José Cidade e, em seguida, saíram todos visitando e convidando vários músicos para que participassem daquele movimento, no que foram atendidos, acontecendo então, naquela histórica tarde de 15 de novembro de 1914, à base de muito entusiasmo, sem ensaios, sem repertório previamente escolhido e à paisana, a primeira apresentação da nova banda de música cantagalense.

O primeiro presidente, após a gestão do Sr. Guilherme Sauerbronn, foi o sírio-libanês Elias Antônio Yunes. Depois, vieram: Dr. Joaquim de Souza Carvalho Júnior (mais de uma vez); David da Costa Lage (também reeleito); Walter Tardin; Rodolfo Tardin; Walter de Almeida Soutelino (também músico); Dr. Francisco Leite Teixeira; Carlos Gomes Pereira (por diversas vezes); Edmo Japour (reeleito); Nacib Mansur (músico); Manoel Martinez Corbal (reeleito); Nacyr Aiub Nacif; Jorge Ernesto Pinto Farah; Sérgio Campanate (músico); Jorge Ferreira; Nacib Miguel Mansur e, atualmente, novamente o músico Sérgio Campanate.

O primeiro maestro foi o músico Domingos José Cidade, de 1914 a 1925. Muitos passaram pela regência da centenária banda marcial, alguns por muito tempo e outros não, devido a mudança para outros municípios. A história contempla magníficos músicos ao longo desses anos, mas abre-se um destaque para a atuação do casal Manoel Corbal e Elvira de Castro Corbal, que foram os que ajudaram na estrutura inicial da Sociedade Musical XV de Novembro com a doação do terreno e ajuda substancial na construção da antiga sede, além de atendimento a toda espécie de solicitação, inclusive com a doação de 40 fardas.

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A “Furiosa” Sociedade Musical XV de Novembro, de Cantagalo-RJ.

Em 1925, tendo em vista séria crise financeira, já não era possível trazer maestros de outros municípios. Mesmo assim, os abnegados músicos não desistiram e, no mês de junho, durante a Festa do Sagrado Coração de Jesus, estreava como regente o músico Edmo Ferreira da Silva, que infelizmente veio a falecer no dia 26 de dezembro de 1930. Após 30 dias de respeitoso luto, reiniciadas as atividades com o contramestre Izolino Alves, que regeu até março de 1931, quando, a serviço, foi transferido para o município de Campos, indicando para assumir seu posto o músico e contramestre Carlos Gomes Pereira.

Ao voltar a residir em Cantagalo, Izolino Alves reassumiu, por duas vezes, a regência da banda, em substituição ao então maestro Carlos Gomes Pereira, por problemas de saúde, que, ainda em 1931, foi obrigado a se ausentar pelos mesmos problemas, deixando em seu lugar o Sr. José Naegele, que só deixou a regência quando mudou-se para Niterói, reassumindo então, mais uma vez,  o respeitado Carlos Gomes Pereira. Em 1974, ao se aposentar, o então maestro indicou para substituí-lo o contramestre Celso Alves, que foi auxiliado pelo também músico e maestro Celso Guimarães, até que, por motivo de saúde, foi obrigado a se ausentar, ficando, então, a batuta, com o maestro-arranjador Celso da Silva Guimarães.

Histórias marcantes

Ainda em 1974, foi criado um grupo de trabalho composto pelos músicos João Alves, Celso Guimarães, José Lack Dias e Nacib Mansur, com a finalidade de ajudar a direção executiva na solução de pequenos problemas internos e de menor gravidade que, porventura, surgissem. A partir da criação desse grupo, a Sociedade Musical XV de Novembro, que, até então, se apresentava apenas em território cantagalense, começou a participar dos recém-criados concursos de bandas civis, do Mobral. O 1º foi realizado no município de Miracema-RJ, onde, sob a regência do maestro Celso Guimarães, a banda foi a grande campeã, classificando-se para a segunda fase, realizada na Quinta da Boa Vista, no município do Rio de Janeiro, e, embora não tenha se classificado para a outra fase, foi eleita a de melhor comunicação com o público, pela crítica jornalística que cobria o evento.

No segundo concurso, realizado no município de Bom Jesus do Itabapoana-RJ, aconteceu a nossa grande decepção pela falta de seriedade dos jurados, que, mesmo comprovadamente estando a banda classificada e designada para concorrer naquele polo, não deram notas para a apresentação, alegando ser a 15 de Novembro, de Cantagalo, de nível muito superior às outras participantes e, portanto, sendo considerada ‘hors concours’. Este fato gerou à diretoria e grupo de trabalho certo desânimo e descredibilidade quanto à organização daquele concurso, fazendo com que houvesse um afastamento, até que, quando da realização do polo no município de Cantagalo, mesmo com a organização do concurso tendo negado o pedido de participação como ‘hours concurs’, a diretoria da banda resolveu que, por uma questão de ética e até por ser anfitriã, participaria sem maiores pretensões.

A performance da Sociedade Musical XV de Novembro foi tão gloriosa, tão destacada, que mais uma vez, os músicos foram vencedores e classificados para a segunda etapa, realizada no Clube Municipal da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde conseguiram o honroso terceiro lugar dentre várias renomadas bandas do estado. No ano seguinte, a banda foi premiada também com um respeitoso terceiro lugar.

Sede da banda

A Sociedade Musical XV de Novembro teve outras destacadas atuações. Através do músico e comunicador César Mansur, a agremiação musical ganhou um programa ao vivo na extinta TV TUPY, do Rio de Janeiro, denominado de ‘Aqui e Agora’, onde no mesmo dia, se apresentaram no Campo de São Bento, em Niterói, a convite do prefeito daquele município, Dr. Valdenir Bragança.

Em Muriaé-MG, atendendo a honroso convite, o grupo musical se fez presente no Encontro de Bandas promovido pela Prefeitura daquela cidade, e, no ano seguinte, se apresentou na Feira da Bondade, na mesma cidade, a convite de uma rádio local.

Durante a Exposição Agropecuária de Bom Jesus do Itabapoana, mais uma vez a banda marcial se destacou com sucesso, divulgando ainda, o nome do município de Cantagalo, através da música, na Vila Pereira Carneiro e Jardim São João, em Niterói-RJ.

Marcante também foi a apresentação de gala nas escadarias da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, contratados que fomos através da Fundação Nacional de Artes (Funarte). A Sociedade Musical XV de Novembro se apresentou ainda, no Sambódromo, no Rio de Janeiro, onde, dentre 50 bandas presentes, foi um dos destaques de encerramento.

Pelas sempre belíssimas apresentações, seja na qualidade de repertório, dos músicos, no comportamento, a banda cantagalense sempre foi muito requisitada para abrilhantar as festas nos mais distantes rincões no nosso estado e de Minas Gerais, a exemplo de Trajano de Moraes, Valão do Barro, Visconde de Imbé, São Fidélis, Sapucaia, Porto Velho-MG e outras.

Ao encerrar essa matéria, com a certeza que muitas coisas poderiam ser acrescentadas, resumisse que a música não tem fronteiras. O Museu Nacib Mansur, que conta com o acervo histórico da banda, fica localizado na Rua Dr. Júlio Santos – 42, no Centro de Cantagalo, aberto para visitação das 14h às 18h.

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